31 Janeiro 2014

O sequestro e tortura do ativista da oposição Dmitri Bulatov, na Ucrânia, constituem um ataque bárbaro que tem de ser investigado pelas autoridades do país, insta a AI.

“As autoridades ucranianas têm de abrir prontamente uma investigação ao caso de Dmitri Bulatov e entregar à justiça os responsáveis por este ataque bárbaro contra um dos organizadores dos protestos [a que a Ucrânia assiste, num cada vez maior crescendo, sobretudo desde a aprovação em meados de janeiro de uma nova lei banindo as manifestações, a qual acabou por revogada esta semana num compromisso político por parte das autoridades, poucos dias mesmo depois de ter entrado em vigor, a 22 de janeiro]”, sublinha o diretor do programa Europa e Ásia Central da Amnistia Internacional, John Dalhuisen.

“A história de Dmitri é horrível, e não é única entre os manifestantes do Euromaidan [movimento da oposição ucraniana]. Há denúncias de uma série de casos similares, incluindo o de Iuri Verbitski o qual, infelizmente, não sobreviveu aos abusos de que foi vítima”, lembra John Dalhuisen.

Este ativista da oposição sustenta ter sido espancado, torturado e crucificado durante o seu sequestro, que o mantiveram vendado por longos períodos e raramente lhe era dada comida. Contou ainda que foi interrogado por homens com sotaque russo, os quais queriam que ele lhes revelasse quem financia as atividades do movimento de oposição que lidera,

Dmitri Bulatov desapareceu na noite de 22 de janeiro e esteve em paradeiro desconhecido até ter sido largado de um carro na noite de quinta-feira, 30 de janeiro, numa zona de floresta nos arredores da capital ucraniana, Kiev. Apesar das temperaturas geladas, conseguiu andar até uma aldeia que se encontrava perto, encontrar abrigo e telefonar para amigos.

Foram encontrá-lo ensopado em sangue, coberto de ferimentos e cortes. “Fui crucificado, as minhas mãos pregadas. Cortaram-me uma orelha. Cortaram-me a cara. Não há um único local no meu corpo que não tenha um ferimento. Mas, graças a Deus, estou vivo!” Dmitri Bulatov está agora a receber tratamento hospitalar em Kiev.

Este ativista da oposição é um dos principais organizadores dos protestos Automaidan, em que caravanas de carros se juntaram às manifestações Euromaidan que começaram na capital ucraniana em novembro de 2013.

“É muito difícil perspetivar uma saída da presente crise, quando ocorrem tão terríveis abusos contra organizadores dos protestos. As autoridades têm de enviar uma mensagem muito clara aos responsáveis por estes chocantes atos de violência, têm de lhes deixar bem claro que não haverá impunidade e que serão levados à justiça”, reitera o diretor do programa Europa e Ásia Central da Amnistia Internacional.

 

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