O Hamas deve parar a sua campanha de execuções sumárias de suspeitos colaboradores, afirma hoje a Amnistia Internacional, depois de pelo menos 18 palestinianos terem sido executados por pelotão de fuzilamento por alegadamente fornecerem informações a Israel.
Eleva para 21 o número de alegados informadores executados nos últimos dois dias, incluindo várias pessoas detidas ontem em ligação com a morte de três comandantes do Hamas por forças israelitas.
“Esta onda de execuções por parte do Hamas torna-se ainda mais chocante pelo facto de as vítimas terem sido condenadas na sequência de julgamentos, a terem tido lugar, que aconteceram de forma sumária e grosseiramente injusta,” diz Anne FitzGerald, diretora de Investigação e Resposta a Crises da Amnistia Internacional.
“O Hamas deve cessar imediata e totalmente o uso da pena de morte.”
Pelo menos 11 pessoas, incluindo duas mulheres, foram executadas hoje por um pelotão de fuzilamento no pátio da prisão de al-Katiba no oeste da cidade de Gaza.
Outros sete foram executados depois das orações de sexta-feira no exterior da mesquita principal na cidade de Gaza.
Um pedaço de papel pregado na parede da mesquita dizia que eles tinham fornecido informações ao inimigo sobre a localização dos túneis, das casas e do local de armazenamento dos rockets, que foram por isso alvo dos bombardeamentos inimigos causando a morte de muitos combatentes do Hamas.
“Em resultado do julgamento pelo tribunal revolucionário, a decisão foi implementada,” continuava a nota.
As identidades dos executados não são ainda conhecidas uma vez que as vítimas tinham as cabeças cobertas. Os homens do pelotão de fuzilamento também tinham a cara tapada.
O site gerido pelo Hamas, Al Rai, avisou que o “mesmo castigo seria aplicado em breve a outros.” A traição é um crime capital ao abrigo da legislação palestiniana.
Ao abrigo da legislação palestiniana, todas as sentenças de morte devem ser ratificadas pelo presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, mas a administração Hamas leva a cabo execuções sem a aprovação do presidente.
“Executar pessoas no seguimento de julgamentos sumários e amplamente injustos é claramente cruel e desumano. O Hamas deve também ter presente que o direito a um julgamento justo perante um tribunal competente mantém-se mesmo durante os conflitos armados,” afirma Anne FitzGerald.
Israel matou três comandantes militares do Hamas num ataque aéreo a uma casa no sul da Faixa de Gaza na quinta-feira, o ataque também matou sete membros da família e vizinhos dos comandantes.