12 Setembro 2014

As detenções anunciadas pelo Exército paquistanês de dez suspeitos na tentativa de homicídio da ativista pela educação e Embaixadora de Consciência Malala Yousafzai constituem uma oportunidade importante para as autoridades passarem finalmente a dar uma efetiva proteção aos defensores de direitos humanos no Paquistão, sustenta a Amnistia Internacional.

“Com as suas palavras e os seus atos, a corajosa ativista pelo direito à educação Malala Yousafzai demonstrou que a caneta é mesmo mais poderosa do que a espada”, frisa o investigador da Amnistia Internacional perito em Paquistão, Mustafa Qadri. “Mas os defensores de direitos humanos, e em particular os que promovem os direitos das mulheres e das raparigas na região do vale de Swat, o distrito natal de Malala, e por todo o Paquistão, continuam em risco de serem alvos de ataques e de outros abusos por parte dos talibãs e outros grupos – e isso devido também ao falhanço das autoridades paquistanesas em julgarem os responsáveis”, prossegue.

O Exército paquistanês anunciou esta sexta-feira, 12 de setembro, que foram detidos dez homens, todos suspeitos membros dos Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), a cúpula do movimento talibã paquistanês, que terão estado envolvidos no ataque contra Malala em 2012. A jovem ativista, Embaixadora de Consciência da Amnistia Internacional desde 2013, foi gravemente ferida a tiro no pescoço e cabeça, tinha 14 anos, quando regressava da escola em Mingora junto com outras duas raparigas, tendo o ataque sido reivindicado então por rebeldes islamitas talibãs.

“Os defensores de direitos humanos têm um papel crucial na promoção dos direitos de todos na sociedade paquistanesa. Com os olhos do mundo no Paquistão, é essencial que as autoridades do país aproveitem bem esta oportunidade para demonstrem um compromisso firme em matéria de direitos humanos, de justiça e do Estado de direito”, defende Mustafa Qadri.

O investigador da Amnistia Internacional avança ainda que “os suspeitos agora detidos têm de ser tratados com humanidade”. “Caso hajam provas credíveis e sustentadas contra os suspeitos, estes têm de ser levados a tribunal e julgados de acordo com os padrões internacionais de justiça e sem recurso à pena de morte”.

 

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