27 Abril 2015

 

Todos os dias chegam alertas do mar Mediterrâneo: botes e barcos em apuros no alto mar, com centenas de pessoas a bordo, em fuga da guerra, da perseguição e da instabilidade, da pobreza atroz, arriscando tudo para chegar à Europa – e milhares morrem pelo caminho, mais de 1.700 perderam a vida só desde o início deste ano. E junto às águas que banham Lisboa, a Amnistia Internacional Portugal disse “basta!”, numa ação de rua, esta terça-feira, 28 de abril. (atualização a 11 de maio)

Mais de 60 pessoas responderam à chamada da organização de direitos humanos para o Cais das Colunas, no Terreiro do Paço, às 18h30, onde foram lançadas flores às águas, numa cerimónia antecedida de uma marcha lenta, organizada pela ReAJ-Rede de Ação Jovem da Amnistia Internacional, que se iniciara com uma concentração no Rossio às 17h30 (na foto).

Esta foi uma homenagem a quem perdeu a vida às portas da Europa, um gesto de solidariedade para os que sobrevivem e que agora mesmo atravessam as perigosas águas do Mediterrâneo, e também um apelo aos líderes europeus para que ouçam o clamor que se espalha pelo mundo inteiro: basta de retórica, de promessas vãs e de medidas que apenas servem para salvar a cara.

Para salvar vidas é precisa uma operação humanitária em larga escala, com navios, meios aéreos e recursos, que permitam levar as operações de busca e salvamento até ao alto mar, onde milhares de migrantes e refugiados estão a morrer na travessia do Mediterrâneo.

Escolas Amigas dos Direitos Humanos e Núcleos AI juntam-se ao apelo

Os gestos de solidariedade para com os migrantes e refugiados que cruzam o Mediterrâneo em direção à Europa vieram também de outras partes do país, com a participação de vários núcleos de ativistas da AI e também das Escolas Amigas dos Direitos Humanos, em resposta a um desafio lançado pelo projeto Educação para os Direitos Humanos da Amnistia Internacional Portugal.

Em Estremoz, numa colaboração do Núcleo da AI Portugal naquela cidade e da Escola Secundária Rainha Santa Isabel, na quarta-feira, 29 de abril, alunos e professores vestiram-se de branco, foi feito um minuto de silêncio e formado um SOS Europa humano.

    

Já o Núcleo de Viseu, também na quarta-feira, juntou-se à Escola Secundária Felismina Alcântara, em Mangualde, e às Bibliotecas Escolares-Escolas de Mangualde numa outra iniciativa da campanha SOS Europa, para alertar para o problema dos migrantes no espaço europeu. Antes, a 24 de abril, o Núcleo de Viseu realizara ainda uma ação fotográfica em solidariedade com os mortos no Mediterrâneo, nas Noites da Pólis.

 

A Escola Básica e Secundária Pedro Ferreiro, em Ferreira do Zêzere, fez também uma ação de SOS em solidariedade com os migrantes e refugiados na região euro-mediterrânica. Foi a 28 de abril que alunos, professores e funcionários desta escola, integrada no projeto Escolas Amigas dos Direitos Humanos, se juntaram e, com a colaboração dos Bombeiros Voluntários da cidade, foi fotografada a icónica sigla de alerta no mar, num SOS humano em que alguns alunos se vestiram de branco e outros os rodearam numa corrente de solidariedade. No final foi feito um minuto de silêncio em memória dos mortos nas águas às portas da Europa.
 
Vila Franca de Xira manteve o mote da chamada de atenção aos líderes europeus para o drama que ocorre no Mediterrâneo, com os alunos da Escola Secundária Professor Reynaldo dos Santos a desenharem um SOS humano, a 29 de abril.
 

 

 

 
A organização de direitos humanos tem também em curso, desde 20 de março de 2014, a campanha “SOS Europa, as pessoas acima das fronteiras“, iniciativa de pressão global para que a União Europeia mude as políticas de migração e asilo, no sentido de minorar os riscos de vida que migrantes, refugiados e candidatos a asilo correm para chegar à Europa, e garantir que estas pessoas são tratadas com dignidade à chegada às fronteiras europeias. A esta campanha está aliada uma petição que conta já com mais de 8.000 assinaturas em Portugal.
 
 

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