22 Julho 2014

Os continuados bombardeamentos de áreas residenciais na Faixa de Gaza, a par do recente raide das forças militares israelitas contra um hospital, engrossam a lista de possíveis crimes de guerra que exigem uma urgente investigação internacional independente, defende a Amnistia Internacional.

Segundo os dados oficiais do Ministério da Saúde em Gaza, pelo menos quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no bombardeamento ao hospital Al-Aqsa, em Deir al-Balah, cidade no centro da Faixa de Gaza (na foto, funcionário dos serviços municipais inspeciona os danos causados no hospital). O terceiro piso do edifício ficou totalmente destruído no bombardeamento, que ocorreu esta segunda-feira, 21 de julho.

“Este ataque contra o hospital Al-Aqsa é o mais recente de uma série de ataques contra edifícios médicos, ou nas proximidades dos mesmos, em Gaza, onde todos os dias são feitos enormes esforços para assistir milhares de feridos desde o início da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza, a 8 de julho”, sublinha o diretor do Programa Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional, Philip Luther.

Este perito da organização de direitos humanos sustenta que “não há justificação possível para atacar instalações médicas em circunstância nenhuma”. “Ataques contra hospitais e edifícios de assistência médica fortalecem ainda mais a necessidade de uma investigação imediata, imparcial e internacional devidamente mandatada pelas Nações Unidas”, prossegue.

Na semana passada, o hospital de reabilitação Al-Wafa, em Shajaya, subúrbio a leste da Cidade de Gaza, ficou gravemente danificado depois de dois raides aéreos feitos pelas forças israelitas.

Com a invasão terrestre do Exército israelita já no quinto dia, esta terça-feira, 22 de julho, e o número de mortos em Gaza a ultrapassar as 550 pessoas, a maioria das quais civis, há a necessidade imperiosa de que ambos os lados do conflito concordem em suspensões regulares nos combates para facilitar o transporte dos mortos e dos feridos.

Além disto, com mais de 1.2 milhões de pessoas sem água nem serviços de esgotos, dado o colapso das estruturas de saneamento em Gaza, tanto os funcionários municipais como os trabalhadores das organizações humanitárias têm de levar a cabo tarefas de reparações urgentes para evitar uma catástrofe de saúde pública na Faixa de Gaza.

A mortífera noite em Shajaya

O intenso bombardeamento das forças militares israelitas contra Shajaya, desde a noite de sábado até à manhã de domingo passados, causou a morte de mais de 60 pessoas, em que se incluem pelo menos 17 crianças e 14 mulheres. É reportado um número de mais de 200 feridos, e os civis viram-se forçados a fugir da zona debaixo de fogo. Naquela noite morreram 13 soldados israelitas, a maioria deles em Shajaya.

Por seu lado, o Hamas, que exerce o poder na Faixa de Gaza, tem continuado a lançar centenas de rockets de forma indiscriminada contra território de Israel, em violação das leis internacionais, e nos quais morreram dois civis e outros ficaram feridos.

O Exército israelita argumenta que Shajaya, área densamente povoada, com cerca de 92.000 residentes, foi tomada como alvo porque era uma “fortaleza” de centros de comando, redes de túneis e armazenamento de rockets. As autoridades militares israelitas, assim como governamentais, têm afirmado repetidamente que os civis foram avisados para abandonarem a zona dias antes da mesma ser bombardeada.

Porém, muitos civis em Shajaya e outras áreas não partiram porque simplesmente não tinham para onde ir. Todas as escolas e outros edifícios em Gaza geridos pela agência das Nações Unidas responsável pelos refugiados palestinianos (a UNRWA) estão a funcionar como abrigos e encontram-se a rebentar pelas costuras. Para a Amnistia Internacional, a emissão de avisos às populações para abandonarem uma determinada área não isenta o Exército israelita das suas obrigações de proteção dos civis, consagradas nas leis internacionais humanitárias.

“O imparável bombardeamento de Shajaya e outras zonas civis na Faixa de Gaza, assim como o continuado disparo indiscriminado de rockets contra Israel, exigem que seja urgentemente posta em marcha uma iniciativa internacional para impedir mais violações dos direitos humanos. As Nações Unidas têm de impor um embargo às armas a ambos os lados no conflito, e todos os países devem suspender imediatamente os fornecimentos de equipamento militar a Israel, ao Hamas e aos grupos palestinianos armados na Faixa de Gaza”, remata Philip Luther.

 

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