13 Abril 2010

“Devo a minha vida à Amnistia Internacional… E agora quero dedicá-la à campanha contra a pena de morte e ao apelo à sensibilização sobre os Direitos Humanos.”

No início deste mês, no Iémen, um emocionado Hafez Ibrahim recebeu calorosamente Lamri Chirouf, investigador da Amnistia Internacional, a quem ele dá crédito por impedir a sua execução por um crime que cometera quando era menor de idade.

Agora com 22 anos, Hafez afirmou orgulhosamente a sua determinação de aproveitar da melhor forma possível a vida que lhe foi devolvida. Ele está no terceiro ano de Direito da Universidade de Sana e tenciona dedicar-se à protecção dos Direitos Humanos. A sua história exemplifica a injustiça adicional e crueldade da pena de morte quando aplicada a menores de idade.

Hafez Ibrahim tinha apenas 16 anos quando foi a uma festa de casamento na sua cidade natal de Ta’izz. Todos os convidados estavam de ânimos elevados e a maior parte dos homens estavam armados. A certa altura, as celebrações descontrolaram-se e ocorreu uma rixa. Uma arma disparou-se por acidente e houve uma vítima mortal.

“O juiz condenou-me primeiro à morte em 2005,” revelou Hafez à Amnistia Internacional. “Depois, o caso passou para as mãos de outro juiz, que confirmou a sentença.” Não lhe foi permitido qualquer recurso.

Dois anos depois, do outro lado do mundo, Lamri estava na sede da Amnistia Internacional em Londres quando recebeu uma mensagem de texto no seu telemóvel: “Eles estão prestes a executar-nos. Hafez”. De forma notável, Hafez conseguira utilizar um telefone na Prisão Central de Ta’izz de forma a enviar a sua mensagem desesperada.

Hafez sabia o que o esperava. Seria forçado a deitar-se de cara para o chão dentro do recinto prisional e os guardas disparariam sobre o seu coração usando uma espingarda automática. O jovem começara a sua contagem decrescente para a morte.

“Ficámos devastados por esta notícia e enviámos imediatamente apelos ao Presidente do Iémen e às autoridades,” disse Lamri. “Mobilizamos igualmente os nossos membros através de uma Acção Urgente emitida em nome de Hafez.”

O Presidente respondeu, ordenando um adiamento da execução de forma a permitir o tempo necessário para obter o perdão por parte da família da vítima. Não houve qualquer perdão e a execução foi remarcada para 8 de Agosto de 2007.

A Amnistia Internacional enviou um novo apelo ao Presidente, que ordenou um novo adiamento de três dias. A família da vítima concordou em adiar a execução até depois do mês sagrado do Ramadão.

A 30 de Outubro de 2007, Hafez acabou por ser libertado, depois da família da vítima ter concordado em conceder-lhe perdão em troca do pagamento da diya (compensação) no valor de 25 milhões de riais iemenitas (cerca de 126 mil Dólares Americanos).

“Estou muito feliz” declarou a Lamri em Sana no início deste mês. “Não consigo descrever o que sinto. Mesmo agora sinto que estou num sonho. Parece impossível que esteja aqui a andar.”

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