2 Maio 2016

 

O documentário “Flotel Europa”, do realizador Vladimir Tomi? (Bósnia-Herzegovina), foi o vencedor do prémio especial Amnistia Internacional na 13ª edição do festival de cinema independente IndieLisboa, cujo júri decidiu atribuir ainda uma menção honrosa a “Balada de um Batráquio”, da realizadora portuguesa Leonor Teles.

“Flotel Europa” (de 2015) é um retrato autobiográfico de Vladimir Tomi?, nascido em Sarajevo em 1980, pouco após a morte do ex-Presidente da ex-Jugoslávia marechal Josip Broz Tito, que narra a sua fuga do país, já mergulhado na guerra da década de 1990, junto com a mãe e o irmão mais velho rumo à Dinamarca. O título do filme refere-se ao navio gigantesco da Cruz Vermelha em que milhares de refugiados da Bósnia-Herzegovina habitaram ao longo de quase dois anos, nos canais da Dinamarca onde, na altura, os campos de refugiados oriundos das guerras nos Balcãs estavam sobrelotados.

Foi ali, naquele navio povoado pelos ecos da guerra deixada para trás, que Vladimir Tomi?, então com 12 anos, fez a sua “jornada de crescimento”, registada em vídeos que a família fazia para enviar ao pai, o qual permanecera em Sarajevo. Duas décadas depois, o realizador justapõe neste documentário esses vídeos registados no “limbo” com mais imagens de testemunhos filmadas por outros refugiados que viviam no navio, tal como os Tomi?, a aguardar a decisão das autoridades dinamarquesas sobre os seus requerimentos de asilo.

Esta revisitação das memórias pessoais de Vladimir Tomi? é descrita pelo júri dos prémios Amnistia Internacional do IndieLisboa de 2016 como “um retrato sensível sobre a complexidade da condição humana dos refugiados, ainda mais urgente num momento em que milhões de pessoas vivem situações semelhantes às exibidas neste filme um pouco por toda a Europa”.

O júri – formado este ano pela atriz e encenadora Susana Arrais, pelo jornalista Tiago Carrasco e por Paulo Pinto, secretário da Direção da Amnistia Internacional Portugal – distinguiu ainda com menção honrosa a curta documental “Balada de um Batráquio” (de 2016), com a qual Leonor Teles já fora galardoada com um Urso do Festival de Berlim. Esta curta foi premiada “devido à coragem com que confronta um símbolo de discriminação que os portugueses têm vindo passivamente a tolerar e à originalidade da sua narrativa”, avançou o júri.

Estes prémios especiais, fruto da parceria entre a Amnistia Internacional e o IndieLisboa, são atribuídos desde 2005, e visam distinguir filmes que contribuem para alargar a compreensão dos espectadores sobre as várias dimensões da dignidade humana. O patrocinador do prémio da Amnistia Internacional no IndieLisboa, no valor de 1.500€, é a Fundação Serra Henriques.

 

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