18 Março 2016

 

Um acordo vergonho foi esta sexta-feira, 18 de março, firmado pelos líderes europeus reunidos em Bruxelas, apesar de milhares de ativistas terem nos últimos dias pedido #StopTheDeal. Não podemos desistir. Continuamos a exigir rotas seguras e legais para os refugiados.

A União Europeia concordou enviar para a Turquia todos os migrantes irregulares que cheguem às ilhas gregas a partir deste domingo. Porém, a Turquia não é um país seguro e entregar nas suas mãos este processo é ilegal e imoral.

Este fim de semana os líderes europeus vão dormir descansados sobre o acordo firmado. Os requerentes de asilo não. Chuva, lama e frio continua a ser a realidade em território grego, agora somado à incerteza de toda a viagem ter sido em vão. Hoje, vale a pena verem a reportagem fotográfica da missão da Amnistia Internacional em Idomeni, Grécia, e atuar.

Fotografias de Fotis Filippou, vice-diretor da Amnistia Internacional para a Europa

 

A chuva e a falta de instalações sanitárias tornam a vida insuportável e aumentam os riscos para a saúde de todos os que estão encurralados. “Aquilo está cheio de micróbios e temos até cobras a entrarem nas nossas tendas”, conta um jovem sírio. “As nossas crianças têm tido vómitos e estão a ficar doentes”.

 

Em Idomeni as pessoas acampam em todo o lado. Os serviços nestes locais – abrigo, alimentação, saneamento básico e cuidados médicos – são providenciados apenas por organizações não governamentais e voluntários. O governo grego não fornece nenhum tipo de apoio.

 

As organizações não governamentais estão no limite das suas capacidades para providenciarem assistência humanitária e as instalações sanitárias existentes, 180 casas de banho e chuveiros, não são suficientes para os milhares de requerentes de asilo. 

 

Mulheres grávidas, algumas em fim de tempo, foram surpreendidas pelo encerramento das fronteiras. “Dormimos no chão”, contam. “Os nossos cobertores ficaram encharcados ontem à noite e estava muito frio. Estamos apenas à procura de segurança para os nossos filhos”.

 

“Sou pediatra”, conta Rami, que fugiu com o filho Hussein, de 12 anos. Tentei ficar na Síria o máximo de tempo possível, para ajudar, mas entretanto já não havia um único lugar seguro para ficarmos. Fugimos da morte”. Os outros três filhos e a mulher de Rami continuam na fronteira síria, sem conseguirem passar para a Turquia.

 

Ahmed e Aliye têm mais de 70 anos e tiveram de deixar a sua casa. Saíram na esperança de se juntarem ao filho, que está na Alemanha com a família. Foram surpreendidos pelas fronteiras encerradas. “Os países árabes e a Turquia desiludiram-nos e nós estávamos à espera que a Europa nos desse liberdade”, lamentam. “Não estávamos à espera de sermos tratados assim pela Europa”.

 

Mohammed tem 45 anos e é farmacêutico. Está há mais de uma semana encurralado em Idomeni com o filho, de 18 anos. “Olhem para mim. Olhem para o meu aspeto e para o que me rodeia”, diz. “Conhecem Victor Hugo, Les Misérables? Foi nisso que nos tornámos. Vou continuar aqui à espera para ver o que os líderes europeus decidem. Depois, logo vejo o que faço”.

 

Adel é um estudante de 23 anos. Deixou a Síria com o irmão, portador de deficiência, depois do pai ter sido assassinado, há 4 meses. Não sabe onde estão a mãe e a irmã e o seu objetivo é levar o irmão até à Alemanha para ser operado à coluna. “A minha prioridade agora é conseguir que o meu irmão fique curado. Depois penso em mim”, assegura.

 

Chuvas intensas têm caído nas últimas noites, obrigando mulheres, crianças e homens a dormirem ao frio sobre o chão molhado. A água entrou nas tendas e encharcou os cobertores.

 

Não podemos desistir de lutar por rotas segura e legais para os refugiados. Assine a petição e partilhe.

 

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