16 Fevereiro 2012

A Amnistia Internacional afirma que a Rússia bem como outros países que exercem influência sobre a Síria devem tomar medidas para que cessem os bombardeamentos em Homs.

Desde sexta-feira, mais de 200 pessoas foram mortas, na sequência de bombardeamentos e disparos de snipers.

Durante a reunião de terça-feira, em Damasco, entre o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e o presidente Bashar al-Assad, as forças de segurança sírias continuaram com os fortes bombardeamentos a Homs que desde então se têm intensificado. A Amnistia Internacional pede à Rússia que torne claro ao governo sírio, em público e em privado, que a ofensiva militar na cidade de Homs deve parar imediatamente.

A Amnistia Internacional pede igualmente à Liga Árabe para continuar com os esforços diplomáticos na Síria.

“A situação em Homs é crítica e está a transformar-se numa grave crise humanitária. A Rússia impediu os esforços internacionais para cessar as violações de direitos humanos, alegando que teria um plano melhor para resolver a crise”, afirma Salil Shetty, secretário-geral da Amnistia Internacional.

“A Rússia e outros países com influência sobre a Síria devem usar todos os meios que tenham ao seu alcance para impedir a ofensiva por parte das forças de segurança sírias em Homs e para cessar o uso de artilharia pesada em áreas residenciais. O governo sírio parece pensar que o veto do passado sábado no Conselho de Segurança da ONU deu luz verde para destruir, a qualquer custo, as forças rebeldes em Homs. A Rússia precisa de tornar claro que não foi esse o objetivo”, acrescenta.

Desde sexta-feira que as áreas residenciais em Homs – incluindo al-Khaldieh, Bab’Amr, Baba l-Seba’ e Insha’aat – têm sido sujeitas a bombardeamentos por parte das forças do governo e têm sido palco de uma intensa troca de tiros com os rebeldes.

O exército sírio destacou tanques para algumas áreas. Há relatos que afirmam que grupos armados na cidade têm usado Kalashnikovs e lança roquetes na retaliação.

Desde sexta-feira a Amnistia Internacional já recolheu 246 nomes de pessoas dadas como mortas em Homs, entre as quais pelo menos 17 crianças. De acordo com relatos, algumas destas pessoas estavam armadas e lutavam contra as forças do governo, mas a maioria estava desarmada.

Estima-se que centenas de pessoas tenham ficado feridas. A maioria está a ser tratada em hospitais de campanha ou nas suas casas.

Alguns residentes de Homs relataram à Amnistia Internacional que há uma falta generalizada de profissionais de saúde, equipamentos e de medicação para tratar os feridos. Na segunda-feira, um hospital de campanha onde estavam a ser tratados os residentes feridos e os combatentes foi atingido por bombardeamentos.

A Agência de Notícias da Síria relatou, no dia 7 de fevereiro, que 30 homens do exército e das forças de segurança tinham sido enterrados depois de assassinados por “grupos terroristas”, expressão que utilizaram, em diferentes pontos do país.

A Amnistia Internacional apela também à Liga Árabe para aproveitar a reunião do Conselho de Ministros deste fim-de-semana para continuar os esforços de aumentar a pressão internacional sobre o governo sírio e sobre outros governos que o apoiam.

“O primeiro passo é que a Liga Árabe torne claro que não vai deixar de fazer pressão e que vai levar este assunto a Nova Iorque quer seja no Conselho de Segurança ou na Assembleia Geral”, defende.

A Amnistia Internacional recebeu a informação de que mais de 5.400 pessoas foram mortas na Síria desde o início dos protestos, em Março de 2011.

A Amnistia Internacional conclui que estão a ser cometidos crimes contra a humanidade na Síria – conclusão a que chegou igualmente a Comissão Internacional de Inquérito Independente da ONU sobre a Síria em Novembro – e apela a que a situação seja encaminhada para o Procurador – Geral do Tribunal Penal Internacional, pede também a imposição de um embargo de armas abrangente na Síria e o congelamento dos bens do presidente Bashar al-Assad e dos seus colaboradores mais próximos.

A este propósito a Amnistia Internacional Portugal contactou o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Missão Permanente de Portugal junto das Nações Unidas exortando o governo português a apoiar uma resolução forte da Assembleia Geral da ONU que condene as violações de direitos humanos pelas autoridades Sírias enfatizando a necessidade de acabar com a impunidade e cooperar com a Comissão Internacional de Inquérito Independente da ONU sobre a Síria.

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