12 Junho 2008

Ontem, dia 11 de Junho, teve lugar na Fábrica Braço de Prata uma tertúlia inovadora. Nova no tema e nova na parceria. O tema foi os “Direitos Humanos e o Ambiente na contagem decrescente para os Jogos Olímpicos”. A parceria incluiu membros da Amnistia Internacional e do GEOTA na apresentação do tema. Como reforça o texto que se segue, a discussão interligada destes dois temas, Direitos Humanos e Ambiente, foi uma espécie de “Ovo de Colombo”: a genialidade de alguns a tornar o óbvio mais óbvio para todos.

Um amigo perguntou-me se não haveria contradição no tema quando lhe referi a conversa agendada para a Fábrica.

Claro que o tema China, abordado sempre com elementos novos que nos fazem pensar que não há limites para a maldade por membros do Co-Grupo China da Amnistia Internacional, é sempre possível de complementar… e ontem o Presidente do GEOTA fê-lo de forma veemente.

Os problemas ambientais das grandes barragens, conhecidos, são amplificados num quadro de inexistência de quaisquer liberdades políticas e de feroz repressão sobre tudo o que vá contra os interesses da “nomenklatura” imperial também organizada em estrutura comunista.

Não só as grandes barragens, mas a extracção de minério feita sem um mínimo de respeito social ou ambiental, o nível elevadíssimo de poluição nas cidades, a destruição dos campos por químicos, muitas vezes proibidos pelos organismos internacionais, o desmatamento que articulado com a retenção de sedimentos nas barragens (além de as inutilizar!) provoca graves problemas na foz dos rios, seja em termos de equilíbrio geo-sedimentar seja em termos das pescas.

Ontem a dúzia de pessoas que teve ocasião de discutir, e até com um “advogado do diabo” a animar e bem a sessão, os diversos temas do interface China e Ambiente, no quadro do processo que conduz aos Jogos Olímpicos deram o seu tempo por bem empregue.

Muitos elementos foram trazidos à discussão desde África à troca desigual e aos problemas da internacionalização e da Amazónia. O trabalho escravo e a ausência de direitos não podem merecer silêncio, nenhum silêncio.

E se for em silêncio o nosso protesto ele, mesmo assim, ouvir-se-á longe.

Muito longe.

António Eloy

Vice-presidente da Amnistia Internacional Portugal

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