22 Maio 2017

As autoridades gregas têm de assegurar que os refugiados e migrantes que deverão começar a ser transferidos de três campos em Elliniko, nos arredores de Atenas, a partir desta terça-feira, 23 de maio, são encaminhados para alojamentos alternativos seguros e adequados, sustenta a Amnistia Internacional. (artigo atualizado a 25 de maio)

A Amnistia Internacional foi informada, a 23 de maio, pelo Ministério grego para as Políticas de Migração que fora iniciado um processo de registo das pessoas em Elliniko, com o propósito de identificar necessidades especiais de alojamento dos refugiados antes do desmantelamento e fecho dos campos. Entrevistados pelos investigadores da organização de direitos humanos, alguns dos residentes confirmaram que o processo já arrancara em pelo menos um dos três campos, o que estava instalado num campo de basebol, e que durante esse registo lhes foram feitas perguntas sobre eventuais necessidades particulares além de lhes ser dito que, posteriormente, lhes seria dada informação sobre o local para o qual serão transferidos.

A Amnistia Internacional considera esta decisão das autoridades gregas como positiva e que é um passo extremamente necessário. E reitera a importância de que a informação recolhida durante o processo de registo em curso conduza a que seja providenciado alojamento adequado às necessidades destas pessoas e seus agregados familiares.

Já antes de ser anunciada esta decisão do Ministério grego, a campaigner da Amnistia Internacional Monica Costa Riba, perita em Migrações, deixara claro que “ninguém fará luto pelo fecho destes campos inseguros e inabitáveis“. “Mas o falhanço em providenciar às pessoas que ali se encontram informação sobre a sua iminente transferência só serve para aumentar os seus receios e ansiedades”, alertou, lembrando que, até então, “não houve nenhumas consultas com os residentes de Elliniko, que têm sido mantidos às escuras sobre quando e para onde vão ser deslocados”.

“As autoridades têm de garantir urgentemente que ninguém ficará sem-abrigo ou posto em risco, em consequência do fecho [dos campos]. E tem de ser providenciado alojamento alternativo, seguro e adequado, que tenha em conta as necessidades particulares de mulheres e raparigas”, frisava ainda Monica Costa Riba.

Autoridades recusam visita da Amnistia

A Amnistia Internacional requisitara às autoridades gregas visitar estes campos entre 21 e 23 de maio – pedido que foi recusado. Os investigadores da organização de direitos humanos entrevistaram, porém, vários residentes dos campos fora de Elliniko ainda antes de ser anunciado o início do processo de registo.

Um afegão explicou nessa altura à Amnistia Internacional que até àquela data ainda não tinha sido recebida nenhuma informação pelas pessoas nos campos. “Não nos dizem nada, o que cria uma enorme ansiedade… Querem deixar-nos confusos, para que não consigamos decidir e sejam eles a tomar a decisão por nós”.

Outra testemunha, uma mulher afegã, avançara, por seu lado, aos investigadores da Amnistia Internacional: “Falámos com toda a gente, mas ninguém nos disse nada. Estou muito preocupada que acabemos na rua”. Outra mulher afegã descreveu as más condições que existem em Elliniko, incluindo o deficiente saneamento, a falta de privacidade e de segurança. “Passamos ali pelo inferno. Não quero ir para outro campo”, avançou aos investigadores da Amnistia Internacional.

A evacuação dos campos de refugiados de Elliniko, subúrbio de Atenas, estava prevista para arrancar na manhã de 23 de maio. Mais de 800 refugiados e migrantes, na maioria afegãos, vivem atualmente naqueles campos, abrigados em tendas.

  • 80 milhões

    80 milhões

    Em 2020, existiam mais de 80 milhões de pessoas que foram forçadas a sair do seu local de origem devido a perseguição, violência, conflito armado ou outras violações de direitos humanos.
  • 26 milhões

    26 milhões

    No final de 2020 estimava-se a existência de 26 milhões de refugiados no mundo.
  • 45 milhões

    45 milhões

    Mais de 45 milhões de pessoas foram forçadas a deixar as suas casas permanecendo dentro do seu próprio país (deslocados internos).
  • 4 milhões

    4 milhões

    Estima-se que existam mais de 4 milhões de pessoas em todo o mundo consideradas "apátridas" – nenhum país as reconhece como nacional.

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