19 Abril 2022

Após as autoridades russas deterem um editor-chefe e um fundador de um jornal local, oriundos das repúblicas russas de Altay e Khakassia, pela publicação de conteúdos críticos sobre a guerra na Ucrânia, Marie Struthers, diretora da Amnistia Internacional para a Europa Oriental e Ásia Central, relembrou: 

 “A repressão das autoridades russas contra os meios de comunicação independentes está a aumentar a uma velocidade avassaladora. O Kremlin, evidentemente insatisfeito só com o bloqueio de sites noticiosos críticos ou com o exílio de jornalistas, procura agora prender os jornalistas que relatam os protestos contra a guerra ou soldados russos que se recusam a lutar na Ucrânia.   

“O Kremlin, evidentemente insatisfeito só com o bloqueio de sites noticiosos críticos ou com o exílio de jornalistas, procura agora prender os jornalistas que relatam os protestos contra a guerra ou soldados russos que se recusam a lutar na Ucrânia”

Marie Struthers

“Mikhail Afanasiev e Sergei Mikhaylov, juntamente com todos os outros presos apenas pelos seus relatos sobre o exército russo, devem ser libertados imediata e incondicionalmente. Instamos as autoridades russas a revogar o notório artigo 207.3 do Código Penal e a terminar com a repressão sobre a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa”.  

  

Contexto 

A 13 de abril, as forças de segurança russas prenderam Mikhail Afanasyev, editor-chefe da revista online Novy Fokus, em Abakan República de Khakassia. No mesmo dia, as autoridades detiveram Sergei Mikhaylov, fundador do LIStok, um jornal com sede em Gorno-Altaysk República de Altay. Mikhaylov foi detido em Moscovo antes de ser transferido para Altay, onde um tribunal decidirá sobre a sua prisão preventiva.  

Ambos são acusados de divulgarem “informações conscientemente falsas sobre as Forças Armadas russas”. Se forem condenados, podem enfrentar até dez anos de prisão. A 4 de abril, a Novy Fokus divulgou que 11 polícias de Khakassia se recusaram a ir para a guerra na Ucrânia. Nove dias depois da notícia, as autoridades russas prenderam Afanasyev e revistaram a sua casa, apreendendo os seus computadores e outro equipamento digital.  

Ambos são acusados de divulgarem “informações conscientemente falsas sobre as Forças Armadas russas”. Se forem condenados, podem enfrentar até dez anos de prisão

A 14 de abril, o jornal LIStok foi condenado a pagar 300.000 rublos – cerca de 4.000 dólares – por “apelar a sanções contra a Rússia”. No dia da prisão de Mikhailov, as autoridades também revistaram os escritórios do LIStok e a casa do seu editor-chefe. Já desde março que o website do jornal estava bloqueado por promover eventos anti-guerra.  

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