18 Outubro 2016

Detido na prisão militar norte-americana de Guantánamo, desde 2002, sem ser acusado de nenhum crime nem levado a tribunal, Mohamedou Ould Slahi foi finalmente transferido na segunda-feira, 17 de outubro, para o país natal, a Mauritânia.

Mohamedou Slahi prestou-se voluntariamente a responder a interrogatório na Mauritânia em 2001 e foi depois detido na Jordânia e subsequentemente enviado para a prisão de Bagram, no Afeganistão, e, daí, para a prisão na Baía de Guantánamo. Foi submetido a tortura ao longo dos 14 anos em que esteve atrás das grades.

Há dois anos, as cartas e anotações que escrevera para os seus advogados, detalhando o tempo passado em Guantánamo, foram publicadas em livro, com o título “Guantánamo Diary”. Mohamedou Slahi foi alegadamente sujeito a privação do sono durante 70 dias consecutivos, a iluminação estroboscópica e a contínua audição de música heavy metal ruidosamente, alvo de ameaças a ele mesmo dirigidas e a familiares, intimidado com cães, temperaturas baixas, encharcado com água gelada, agredido fisicamente e ainda privado de alimentos. Nunca foi acusado de nenhum crime.

“Os 14 anos de detenção ilegal e tortura de Mohamedou Slahi são de uma profunda falta de escrúpulos e uma injustiça, e a sua transferência é há muito tempo devida”, frisa a campaigner da Amnistia Internacional Estados Unidos Elizabeth Beavers. “Os relatos que ele fez do tratamento que lhe infligiram deram-nos um vislumbre angustiante do real sofrimento pelo qual passa quem é detido ilegalmente durante mais de uma década sem acusações formuladas”, prossegue a perita da organização de direitos humanos.

Elizabeth Beavers recorda que “há atualmente 60 homens detidos em Guantánamo”. “Cada um deles deve ser formalmente acusado e ter um julgamento justo num tribunal federal ou ser liberto e transferido para um país que proteja os seus direitos humanos”, insta.

“O Presidente [dos Estados Unidos, Barack] Obama tem de fechar a prisão de Guantánamo ainda durante o seu mandato e garantir que é feita a devida responsabilização pela tortura que tantos sofreram”, remata.

Na semana passada, a Amnistia Internacional lançou uma nova campanha em que se insta o Presidente dos Estados Unidos a dar prioridade a três matérias de direitos humanos durante os seus últimos 100 dias na Casa Branca – o encerramento da prisão de Guantánamo é uma dessas prioridades.

 

A Amnistia Internacional lançou uma petição instando o Presidente Barack Obama a fechar Guantánamo, de entre três prioridades de direitos humanos, antes de o seu mandato na Casa Branca chegar ao fim. Assine!

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