16 anos de prisão por defender os direitos das mulheres

Publicou um vídeo que se tornou viral e acabou condenada a 16 de anos de prisão por defender os direitos das mulheres. Deve ser imediatamente libertada!

 

O vídeo tornou-se viral: Yasaman ousou entregar flores numa carruagem de metro no Irão, exclusiva para mulheres, sem o lenço islâmico que é de uso obrigatório. Tudo aconteceu no Dia Internacional da Mulher, a 8 de março. Yasaman, uma atriz que adora escalar montanhas, enfrentou as leis do Irão num corajoso ato de desobediência civil.

Com a mãe, Monireh Arabshahi, caminhou com o cabelo ousadamente a descoberto enquanto distribuía flores brancas. Falou da esperança num futuro em que todas as mulheres tenham a liberdade de escolher o que vestir. Nesse mesmo dia o vídeo tornou-se viral e um mês depois Yasaman era despedida da peça que estava prestes a estrear e onde tinha um papel.

A 10 de abril, as autoridades iranianas detiveram Yasaman, mantendo-a em isolamento durante nove dias enquanto era interrogada horas a fio. Disseram-lhe para “confessar” que tinham sido pessoas de fora do país a “incitar” o seu ativismo e para se “arrepender” das suas ações. Caso não o fizesse, ameaçaram prender amigos e familiares.

A 31 de julho, poucos dias depois de Yasaman completar os 24 anos de idade e estar atrás das grades, veio o veredito: para seu choque, a jovem foi condenada a 16 anos na prisão, dos quais tem de cumprir obrigatoriamente pelo menos 10. A mãe teve uma pena igual. Os crimes? “Reunião e conluio para cometer crimes contra a segurança nacional”, “espalhar propaganda contra o sistema” e “incitar e facilitar a corrupção e a prostituição”, tudo por promover os direitos das mulheres.

A cruel condenação de Yasaman faz parte de uma ampla repressão contra as mulheres que promovem o fim das leis do uso obrigatório do véu no Irão. Desde 2018, foram presas e condenadas dezenas de defensoras de direitos humanos.

Não podemos permitir que as autoridades iranianas roubem a Yasaman os melhores anos da sua vida por defender que as mulheres têm direito de escolher aquilo que querem vestir. Yasaman e a sua mãe têm de ser libertadas já! Apelamos ainda à libertação de todas as pessoas que defendem os direitos das mulheres no Irão, e que apenas exerceram o seu direito à liberdade de expressão.

Juntem o vosso nome a este apelo. Todas as assinaturas serão enviadas pela Amnistia Internacional ao chefe do judiciário no Irão, Ebrahim Raisi.

Texto da carta a enviar

Caro Sr. Raisi,

Yasaman Aryani e a sua mãe, Monireh Arabshani, foram condenadas a uns chocantes 16 anos de prisão por fazerem campanha contra as leis discriminatórias sobre o uso obrigatório do véu. Foram detidas em abril de 2019, no dia internacional da mulher, na sequência de um vídeo onde se apareciam sem o véu numa carruagem exclusiva para mulheres, enquanto entregavam flores.

Este ato de coragem, onde Yasaman fala sobre a sua esperança num futuro onde todas as mulheres no Irão terão a liberdade de escolher o que querem vestir, foi amplamente partilhado num vídeo que se tornou viral nas redes sociais.

Apelo a que liberte Yasaman Aryani e a sua mãe Monireh Arabshani, imediata e incondicionalmente, pois são prisioneiras de consciência presas apenas pelo seu trabalho de defesa dos direitos humanos. Até serem libertadas, por favor garanta que têm contacto regular com um advogado à sua escolha.

Apelo também a que termine a criminalização do trabalho dos defensores dos direitos das mulheres e revogue as leis do uso obrigatório do véu.

Atentamente,

Letter content

Dear Mr Raisi,

Yasaman Aryani and her mother, Monireh Arabshahi, were sentenced to a shocking 16 years in prison for campaigning against discriminatory forced veiling laws.  They were arrested in April 2019 in relation to a video that showed them without headscarves on a women-only train handing out flowers on International Women’s Day. This brave act, where Yasaman spoke of her hope for a future when all women in Iran would have the freedom to choose what to wear, was shared in a video that went viral on social media.

I urge you to release Yasaman Aryani and her mother Monireh Arabshahi, immediately and unconditionally as they are prisoners of conscience, jailed solely for their human rights work. Until they are released, please ensure they have regular contact with a lawyer of their choosing. I also urge you to stop criminalizing the work of women’s rights defenders and abolish forced veiling laws.

Yours sincerely,