Diários de Angola
SÓ JUNTOS FAREMOS ACONTECER

22/10/2019

O dia de hoje foi dedicado a reuniões abertas e públicas com a sociedade civil. A manhã foi de conferência de imprensa para apresentação do relatório sobre a Tunda dos Gambos e Vale de Chimbolela e o Fim do paraíso do Gado. Foi impressionante a presença da comunicação social, com destaque para os órgãos de comunicação social angolanos e portugueses.

Na conferência de imprensa foi apresentado o relatório pelos seus autores da Amnistia Internacional e em voz própria, o Fernando e a Cecília, que vivem e trabalham nas comunidades.

A tarde foi dedicada a uma reunião com stakeholders, isto é, todas as organizações e pessoas que podem ajudar e intervir na situação das comunidades pastoralistas do Vale dos Gambos. Estiveram presentes na reunião organizações não governamentais e associações locais. A Embaixada portuguesa também se fez representar e a Embaixadora do Reino Unido, Jessica Hand, assistiu pessoalmente à reunião. Também um deputado do partido MPLA e um deputado do partido da UNITA estiveram presentes.

Além destas entidades estiveram presentes muitos estudantes e jovens. Foi uma alegria indescritível para mim conhecer finalmente mais alguns jovens ativistas do grupo dos angola 15+2, por quem a Amnistia tanto trabalhou e se bateu para que fossem libertados em 2015 e 2016.

O Hitler, já mais velho agora e que – em conversa – descobri que nasceu e viveu em Lwena, onde trabalhei há quinze anos atrás num campo de refugiados. Quem sabe ele não era um dos muitos miúdos a quem dei aulas e com quem joguei futebol em tardes tão poeirentas quanto felizes. Conheci também o cassula do grupo dos 15+2, o Arante. Agora já é mais velho. Já arranjou barba e tudo.

Conhecer a Laurinda e o seu sorriso tão contagiante, quanto energético. Será mãe em breve e continua envolvida no ativismo, no trabalho por uma Angola com mais direitos económicos e sociais para todas as pessoas. Revi ainda o Luaty e o Sedrick e é sempre bom dar-lhes um abraço, para nos lembrarmos que o nosso trabalho tem muitas histórias de esperança, de vitória, de liberdade. Estes cinco juntos, mais os outros doze jovens, foram a minha primeira campanha, quando comecei a trabalhar na Amnistia Internacional há três anos e meio.

Foi emocionante ouvir de novo o Fernando, um dos pastores, e a Cecília, uma das mulheres que trabalha e vive nos Gambos. Mesmo depois de os ter ouvido na parte da manhã, foi impossível para alguém na sala, já de tarde, ficar indiferente às suas partilhas.

A Cecília, esta mulher coragem, levou a assistência a comover-se e a juntar-se à força das mulheres daquelas comunidades. São elas que lutam diariamente para alimentar os seus filhos e comunidades, foram também elas as primeiras a levantar-se corajosamente para acabar com o encerramento dos acessos às fontes de água, tão necessária para a vida de cada  dia.

Inspirados por elas, seguimos viagem. Porque juntos e juntas podemos fazer o mundo que desejamos acontecer.

Pedro