38 ANOS DE PRISÃO E 148 CHICOTADAS
Foi esta a condenação para uma das mais reconhecidas advogadas do Irão: Nasrin Sotoudeh, uma defensora de direitos humanos, uma mulher incrível, uma mãe dedicada.
Nasrin tornou-se advogada em 2003 e cedo lhe chegaram casos que não podia recusar: menores condenados à morte, jornalistas julgados por fazerem o seu trabalho, minorias discriminadas e, mais recentemente, raparigas condenadas a 10 anos de prisão por tirarem o véu islâmico em público.
Por tudo isto, a sentença foi cruel: 38 anos de prisão e 148 chicotadas. Não podemos permitir.
VAMOS LIBERTAR NASRIN E REUNIR ESTA FAMÍLIA!
Leia a carta que Nasrin escreveu à filha a partir da prisão, em abril de 2011, quando ela tinha 11 anos e o irmão apenas três.
ler cartaÀ minha querida Mehraveh, minha filha, meu orgulho e minha alegria,
Passaram seis meses desde que fui afastada de vós, meus amados filhos. Ao longo destes seis meses, só permitiram que nos víssemos umas poucas de vezes e, mesmo assim, na presença de agentes de segurança. Durante este tempo, nunca me foi permitido escrever-vos, receber uma fotografia ou sequer encontrar-me com vocês livremente, sem quaisquer restrições de segurança. Minha querida Mehraveh, tu, mais do que ninguém, compreendes a mágoa no meu coração e as condições sob as quais nos autorizam a encontrarmo-nos. A cada momento, depois de cada visita e a cada dia que passa, eu luto com a noção de ter ou não levado em consideração e respeitado os direitos dos meus filhos. Acima de tudo, precisava de estar certa de que tu, minha filha amada, em cuja sabedoria eu acredito tanto, não me acusaste de violar os direitos dos meus próprios filhos.
Uma vez, eu disse-te: “Minha filha, espero que nunca penses que eu não estava a pensar em ti ou que foram as minhas ações que mereceram tal punição… Tudo o que eu fiz é legal e dentro do marco da lei.” Foi então que acariciaste o meu rosto carinhosamente com as tuas pequenas mãos e respondeste: “Eu sei, Mamã… Eu sei…”. Foi naquele dia que fiquei liberta do pesadelo de ser julgada pela minha própria filha.
Minha querida Mehraveh, assim como eu nunca consegui desrespeitar os teus direitos e sempre procurei protegê-los até aos limites da minha capacidade, também nunca consegui desrespeitar os direitos das minhas clientes.
Como é que eu podia recuar assim que fui convocada pelas autoridades, sabendo que as minhas clientes estavam atrás das grades? Como é que eu podia abandoná-las quando me contrataram como sua conselheira legal e aguardavam o seu julgamento?
É o meu desejo de defender os direitos de muitos, particularmente os direitos dos meus filhos e o vosso futuro, que me levaram a representar tais casos em tribunal. Eu acredito que a dor que a nossa família e as famílias das minhas clientes tivemos de suportar ao longo dos últimos anos não é em vão. A justiça chega exatamente na hora em que a maioria já perdeu a esperança.
Sinto a tua falta, minha querida, e mando-te uma centena de beijos,
Mamã Nasrin
Leia a carta que Nasrin escreveu ao filho a partir da prisão, em setembro de 2018, quando ele tinha 10 anos.
ler cartaOlá, meu querido Nima,
Não sei como iniciar esta carta. Como posso esquecer que, este ano, tiveste de começar a escola sem mim (…) Como posso pedir-te que chegues a horas à escola, faças os teus trabalhos de casa, estudes bem e sejas um bom rapaz até nós voltarmos?
Enquanto mãe, eu detestaria dizer-te tais palavras, porque sei que na tua jovem vida já tiveste de viver o trauma constante de me visitares na prisão, de seres proibido de me visitares e do medo da injustiça. (…)
Por estes dias, penso em ti constantemente, sobre como te deves sentir só e sobre a nossa querida Mehraveh, que nos tem orgulhado e que é agora forçada a cuidar de ti e a ser simultaneamente mãe e pai.
Envio-te as minhas lágrimas de amor, esperando que elas tornem a injustiça do nosso tempo um pouco mais tolerável. Mando-te milhares de beijos, pois não te vejo há demasiado tempo.
Mamã Nasrin
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