11 Fevereiro 2022

A Amnistia Internacional e a Fat Rat Films divulgaram hoje um novo documentário que assinala os desafios contínuos enfrentados pelos jovens yazidis que serviram como crianças-soldado e sobreviveram ao rapto pelo grupo armado Estado Islâmico (EI).

O documentário de 12 minutos, “Captives on the Frontlines: Yezidi former child soldiers who survived ISIS” (Prisioneiros na linha da frente: ex-crianças-soldado yazidis que sobreviveram ao EI, em português) assenta na amizade entre Vian e Barzan, dois jovens que foram raptados enquanto crianças pelo EI, em 2014, instruídos pelo grupo armado, e forçados a combater. Ambos escaparam e estão agora a viver no norte do Iraque, onde o documentário foi filmado no ano passado.

“Este filme capta os desafios que os jovens yazidis que serviram como crianças-soldado ainda enfrentam, e também as amizades que floresceram nas circunstâncias mais difíceis”, afirma Nicolette Waldman, investigadora sobre crianças e conflitos armados na equipa de Resposta a Crises da Amnistia Internacional.

“Este filme capta os desafios que os jovens yazidis que serviram como crianças-soldado ainda enfrentam, e também as amizades que floresceram nas circunstâncias mais difíceis”

Nicolette Waldman

Bastidores das filmagens do documentário

 

“Estes jovens yazidis que foram crianças-soldado são rotineiramente estigmatizados, o que significa que as suas experiências angustiantes são frequentemente ocultadas. Através da decisão corajosa de partilhar as suas próprias histórias de maneira tão aberta, Vian e Barzan consciencializaram e trouxeram uma luz sobre os desafios que permanecem para as antigas crianças-soldado yazidis. Muitos destes jovens, tendo sofrido traumas inimagináveis, continuam a ter graves problemas de saúde física e mental.

“Até à data, muitos sobreviventes yazidis ainda não receberam apoio adequado à sua saúde física e mental, ou à sua educação. De facto, muitos não receberam nenhum tipo de apoio desde que regressaram às suas comunidades.

“Através da decisão corajosa de partilhar as suas próprias histórias de maneira tão aberta, Vian e Barzan consciencializaram e trouxeram uma luz sobre os desafios que permanecem para as antigas crianças-soldado yazidis”

Nicolette Waldman

“As autoridades iraquianas, os seus parceiros internacionais e as Nações Unidas devem garantir que as antigas crianças-soldado yazidis usufruem de pleno acesso às reparações e assistência a que têm direito à luz da Lei dos Sobreviventes Yazidi (2021).

“Devem ainda cooperar em conjunto para estabelecer um Plano de Ação Nacional que obrigue a que todas as atuais e antigas crianças-soldado no Iraque, incluindo rapazes e jovens yazidis, sejam reintegradas na sociedade e lhes seja providenciado apoio coordenado, especializado e a longo prazo.”

Este documentário foi realizado em colaboração com a premiada produtora de documentários Fat Rat Films, e estará disponível aqui em antecipação ao Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldado, que se assinala a 12 de fevereiro.

 

Contexto

Entre 2014 e 2017, o EI cometeu crimes de guerra, crimes contra a humanidade, e aquilo que a ONU descreveu mais tarde como um genocídio contra a comunidade Yazidi no Iraque.

Em julho de 2020, a Amnistia Internacional publicou um relatório onde documentava a crise de saúde física e mental enfrentada pelas crianças yazidis que tinham regressado às suas famílias após terem estado reféns do EI. O relatório, Legado de Terror: A situação das Crianças Yazidis sobreviventes do EI, também referia a necessidade urgente de pôr fim à separação forçada de mulheres yazidis e das suas crianças nascidas da violência sexual por membros do EI.

Em novembro de 2021, a Amnistia Internacional reconheceu e a importância e aplaudiu os novos regulamentos aprovados pelo Parlamento iraquiano para implementar a Lei dos Sobreviventes Yazidi, mas relembrou que continuava a ser necessário mais trabalho para auxiliar plenamente os sobreviventes das atrocidades cometidas pelo EI.

 

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