14 Novembro 2022

“Deus sabe que há dias em que não posso continuar, tudo se torna demais… A única coisa que me mantém vivo é o pensamento dos meus filhos.” Sakib, Bangladesh.

Exija à FIFA e ao Qatar que se responsabilizem e compensem os trabalhadores em risco, a Forgotten Team, e as suas familias!

Já teve início o Campeonato do Mundo 2022, foram construídos estádios e infraestruturas para receber os adeptos e as seleções estão preparadas para competirem e marcarem a história do futebol mundial!

1,7 milhões de trabalhadores sofreram abusos, exploração e em alguns casos, trabalho forçado na preparação do Mundial de Futebol 2022, no Qatar. Apenas uma equipa parece continuar esquecida, os trabalhadores migrantes, a Forgotten Team, e precisa da sua ajuda imediata!

Forgotten Team é a campanha de defesa dos milhões de homens e mulheres que deixaram as suas vidas e famílias na Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka com o sonho de uma vida melhor!

A vida foi o que deram ao Mundial 2022! Na chegada ao Qatar foram forçados a entregar os passaportes e a sua dignidade. Sofreram anos de abusos sistemáticos, viveram em condições deploráveis sob temperaturas elevadas, sem receber ordenados e em muitos casos, em trabalho forçado!

Os trabalhadores que sobreviveram estão presos no Qatar sem resposta humanitária, sem conseguirem arranjar novos empregos, endividados, sem documentos ou compensação. É urgente que se cumpra a declaração universal dos direitos humanos. A servidão, assim como escravidão de trabalhadores perpetradas no decorrer da preparação do Mundial do Qatar, constituem um claro desrespeito pelo seu artigo 4º.

Doe e junte-se a nós neste mundial, torça pela Forgotten Team!

 

A que abusos foram os trabalhadores migrantes sujeitos na preparação do Mundial 2022?

  1. Taxas de recrutamento exorbitantes e subsequente endividamento.
  2. Salários em atraso ou corte.
  3. Negação de dias de descanso.
  4. Intimidação, discriminação e condições deploráveis de alojamento.
  5. Condições inseguras de trabalho sob temperaturas elevadas.
  6. Limitação de circulação sem ou com vistos de residência caducados.
  7. Bloqueios para mudar de emprego ou sair do país.
  8. Trabalho forçado e mortes inexplicáveis.

“A empresa tem o meu passaporte. Se o meu estatuto de patrocínio mudar, mandam-me de volta e eu tenho muitas dívidas para pagar… Quero o meu passaporte de volta… [e] o acampamento não é bom, somos oito a dormir num quarto – é demais. Mas não posso reclamar [porque] eles acabam com o meu trabalho.”

Mohammad

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Para lhe podermos agradecer convenientemente e enviar mais informação sobre esta investigação, pedimos que nos envie um e-mail para [email protected] com o comprovativo da sua transferência.

939 076 340

Processos de compensação aos trabalhadores migrantes e famílias

O Qatar introduziu processos de compensação, ainda que estes permaneçam inacessíveis à maioria dos trabalhadores. O direito internacional é soberano e prevê a garantia de compensações aos trabalhadores. De acordo com os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos, com as políticas de direitos humanos da FIFA e com os seus compromissos, também a FIFA tem responsabilidades no pagamento das compensações relacionados com o Campeonato do Mundo.

É necessário garantir as compensações para quem trabalhou nos estádios e infraestruturas, mas também para quem trabalhou nas áreas complementares de construção e prestação de serviços para outros projetos necessários à competição, tal como transportes, alojamento, segurança e limpeza.

Consequentemente, hoje, milhares de trabalhadores e as suas famílias ainda aguardam pelas compensações para que possam reconstruir as suas vidas.

“A minha família agora está desalojada e dois dos meus filhos mais novos foram tirados da escola… Todos os dias estou em tensão, não consigo dormir à noite. Isso é uma tortura para mim.”

Prem, metalúrgico nepalense, no Estádio Khalifa

QUERO PROTEGER OS TRABALHADORES MIGRANTES!

O que se passou na preparação do Campeonato do Mundo 2022?

Em 2010, a FIFA, concedeu ao Qatar o direito de ser o anfitrião do Campeonato do Mundo 2022, ainda que este país tivesse um grave histórico de violações de direitos humanos.

O sistema Kafala ou de patrocínio, no Qatar, define a relação entre os trabalhadores migrantes e empregadores e desde que foi implementado assiste-se a um aumento da exploração, abusos de racismo e discriminação de género. Apesar das reformas do governo, desde 2017, assistimos a constantes violações dos direitos dos trabalhadores.

“Embora o Qatar tenha feito avanços importantes nos direitos dos trabalhadores nos últimos cinco anos, está bem claro que ainda há um grande caminho a percorrer. Milhares de trabalhadores permanecem presos no ciclo familiar de exploração e de abuso graças a lacunas legais e fiscalização inadequada.”

Steve Cockburn, chefe de justiça económica e social da Amnistia Internacional

A restrição da liberdade de expressão e reunião, para civis e imprensa, aumentou no período que antecedeu o Campeonato do Mundo 2022 e as mulheres (sistema de tutela masculina) e pessoas LGBTI continuaram a enfrentar grave discriminação.

O primeiro Campeonato do Mundo no Médio Oriente deveria ser um momento de alegria e orgulho para todos os adeptos de futebol. Mas, para que possa ser verdadeiramente celebrado, os trabalhadores que o tornaram possível devem ser compensados por tudo o que sofreram!

O que pode fazer hoje para proteger os trabalhadores migrantes e as suas famílias?

Doe e ajude-nos a exigir a responsabilização da FIFA e do Qatar pelos abusos cometidos na preparação do Campeonato do Mundial 2022. Se tivermos o seu apoio e os fundos que precisamos conseguiremos continuar a lutar pela justiça e equidade no Qatar, e em todo o mundo.

Junte-se a nós na luta pela justiça e igualdade para todos!

Porque deve apoiar a Amnistia Internacional

É por todas estas pessoas, que no Qatar e algures no mundo, veem os seus direitos humanos fundamentais abusados ou negados que iremos continuar a angariar fundos. Precisamos de meios para continuar a expor o que está a acontecer, precisamos de continuar a pressionar governos e todas as outras entidades que violem direitos humanos.

 A Amnistia Internacional é financiada pelos seus doadores, apoiantes e membros individuais e só aceita donativos de governos e empresas para finalidades específicas como a Educação para os Direitos Humanos. Só deste modo conseguimos investigar, denunciar e acabar com as violações de direitos humanos de uma forma independente, imparcial e autónoma.

Acreditamos que o mundo será um lugar melhor quando juntos encararmos a violação dos direitos humanos como uma afronta pessoal!

A Amnistia Internacional tem como dever expor violações e abusos de Direitos Humanos, fazer recomendações e propor soluções. Sempre que em qualquer parte do mundo alguém não puder usufruir livre e plenamente de todos os seus direitos humanos nós vamos agir.

O nosso trabalho não é contra ninguém. É antes a favor de todas as pessoas usufruírem dos direitos humanos. É antes a favor de construir um mundo melhor para toda a humanidade.

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