3 Dezembro 2009

Na próxima semana os líderes políticos encontram-se em Copenhaga para encontrar um acordo justo, ambicioso e obrigatório sobre as alterações climáticas que não exclua nem coloque em desvantagem os mais pobres, afirmaram Mary Robinson e Irene Khan.
Mary Robison – antiga Presidente da Irlanda, ex-Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Presidente da Iniciativa Globalização Étnica – e Irene Khan – Secretária Geral da Amnistia Internacional – participaram na conferência organizada pela Amnistia Internacional, em antecipação à Conferência sobre Alterações Climáticas das Nações Unidas (COP15), para discutir o impacto das alterações climáticas nos Direitos Humanos.

Mary Robinson e Irene Khan redigiram o seguinte comunicado conjunto:

O facto cruel sobre as alterações climáticas globais é que apesar do problema ter sido causado por emissões poluentes dos países mais ricos, são os países mais pobres que irão pagar o preço. Se os Governos falharem na Conferência de Copenhaga desta semana, os Direitos Humanos básicos dos países mais pobres do mundo e as comunidades mais marginalizadas devem pesar na balança. O direito à alimentação, à água, a abrigo e à saúde estão em risco de ser prejudicados pelas alterações do clima.  Existe uma necessidade urgente de alcançar um acordo ambicioso, justo e obrigatório na COP15 em Copenhaga.

Considerando que os efeitos das alterações climáticas serão sentidas por pessoas que experienciam violações dos Direitos Humanos, porque são pobres ou vulneráveis, como é o caso das mulheres e da população indígena, Mary Robinson e Irene Khan alertaram que a ligação entre a negação dos direitos e a vulnerabilidade às mudanças climáticas pode sair reforçada se os Governos falharem no cumprimento das suas obrigações para com os Direitos Humanos ao responderem às alterações climáticas.

Os Governos são legalmente obrigados a lidar com a desigualdade e a discriminação, criando políticas de adaptação e resolução destinadas a dar prioridade àqueles cujos direitos estão em maior risco de acordo com os padrões de discriminação.

Alertando para o facto de que biliões de pessoas pobres serem afectadas negativamente pelas alterações climáticas e ainda não serem uma questão central para a COP15, Irene Khan e Mary Robinson apelam a uma abordagem centrada nas pessoas para a luta contra a mudança climática e para garantir o futuro das gerações vindouras. As duas líderes apelaram aos governos para conduzir de forma adequada e significativa uma consulta com as pessoas afectadas, envolvendo-as nas decisões que devem ser tomadas quanto às estratégias de adaptação e mitigação que afectarão as suas vidas.

“Já passou o tempo em que políticos e o público em geral pudesse imaginar as alterações climáticas como um problema do futuro,” alertou Mary Robinson.

“As mudanças climáticas são uma ameaça à sobrevivência e usufruto dos Direitos Humanos. Se não solucionarmos este problema ninguém estará seguro no mundo.”

“A luta contra a pobreza e contra as alterações climáticas estão integradas na luta pelos Direitos Humanos da população marginalizada do mundo,” afirmou Irene Khan.  

“Se não enfrentarmos as alterações climáticas os ganhos já conquistados na luta contra a pobreza poderão estar em risco.” 

Tanto Irene Khan como Mary Robinson apelaram ao apoio do público para a campanha TCK TCK TCK. 50 Organizações entre as quais a Amnistia Internacional fazem parte da Campanha Global pela Acção contra as Alterações Climáticas e subscrevem a campanha TCK TCK TCK.

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