25 Fevereiro 2009

Respondendo à chegada de Binyam Mohamed ao aeroporto da força aérea britânica de Norholt, após a sua libertação hoje de Guantánamo Bay, a Amnistia Internacional congratula-se com o seu regresso mas exortou a instauração de um inquérito independente às alegações de que o Reino Unido teria participado num conluio para a sua detenção em segredo e sequente tortura.
A organização também apelou às autoridades britânicas para que peçam oficialmente a libertação ou o julgamento justo de outros prisioneiros de Guantánamo com ligações ao Reino Unido.

A Directora da secção britânica da Amnistia Internacional, Kate Allen, afirmou:

“É um enorme alívio que Binyam Mohamed esteja finalmente de regresso ao Reino Unido – a sua libertação não veio nem um minuto demasiado cedo.” 

“É nada menos que uma desgraça que Binyam tenha estado detido sem julgamento durante tantos anos, tendo tido que recorrer a uma greve de fome para chamar a atenção sobre a sua condição.”

“O foco imediato deve ser, neste momento, em providenciar apoio médico e outro no momento da chegada de Binyam ao Reino Unido, mas é também necessária a constituição de um inquérito adequado e independente ao caso de Binyam e às alegações do encobrimento de tortura, bem como a ampla prática de rendição e detenção secreta.”

“O governo britânico deve também exercer pressão no sentido de conseguir a libertação de Shaker Aamer e Ahmed Belbacha – outros dois homens com ligações duradouras ao Reino Unido – e deve apoiar as medidas para encerrar o campo através da oferta de “protecção humanitária” a prisioneiros vulneráveis que necessitem de um sítio para ir.”

Os apoiantes da Amnistia Internacional há muito que têm vindo a fazer campanha por Binyam Mohamed e outros prisioneiros de Guantánamo, incluindo através do envio de inúmeros postais para Binyam e outros prisioneiros.

No entanto, a advogada militar norte-americana de Binyam, Yvonne Bradley, confirmou recentemente que o mesmo não recebeu qualquer correspondência na sua cela durante quase um ano, tendo-lhe os guardas do campo negado especificamente o que designam por correio dos seus “fãs”. A advogada de Binyam descreveu a manipulação emocional de Binyam como apenas mais um exemplo de uma grande quantidade de “abusos psicológicos” por parte dos guardas no caso do seu cliente.

Cerca de 240 prisioneiros ainda se encontram detidos no campo prisional, estima-se que 50 dos quais estejam, actualmente, em greve de fome – muitos dos quais a receber alimentação forçada. Cerca de 60 homens estão identificados como estando em risco de serem torturados ou perseguidos se regressarem aos seus países de origem e, enquanto os Estados Unidos da América permitirem que alguns desses homens sejam admitidos no continente norte-americano, os restantes detidos provavelmente necessitarão de “protecção humanitária” em outros países no momento da sua libertação.

É possível assistir e descarregar a recente entrevista a Yvonne Bradley acerca do caso de Binyam Mohamed a partir de www.amnesty.org.uk

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