5 Dezembro 2018

A Amnistia Internacional Portugal promove já nos próximos dias 7 a 9 de dezembro, em Lisboa, um evento inovador com o qual se celebra o ativismo e visa mobilizar ainda mais a sociedade civil portuguesa para a defesa dos direitos humanos. O Fórum da Coragem tem um programa vasto, diversificado e envolvente, desde debates sobre o acolhimento e integração de refugiados em Portugal até uma cimeira de organizações e de pessoas que trabalham para mudar o mundo, como a defensora de direitos humanos ucraniana Vitalina Koval e a ex-diretora-executiva da Amnistia Turquia, Idil Eser.

Todos temos duas coisas dentro de nós: medo e coragem. A vida que vivemos é uma escolha entre medos ou coragem. E no Fórum da Coragem os participantes vão fazer a sua escolha. O medo leva à divisão e ao ódio; à distância e à separação. A coragem aproxima-nos uns dos outros, dá-nos esperança, faz-nos construir pontes de entendimento e resolver problemas sociais, leva-nos a ter a visão de perceber como podemos mudar juntos o mundo em vez de deixarmos que as coisas más no mundo nos mudem a nós.

O Fórum da Coragem vai ser lugar de romper com o medo paralisante e divisivo, para ser sítio e tempo de encontro e soluções”, destaca Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal.

“O Fórum da Coragem vai ser lugar de romper com o medo paralisante e divisivo, para ser sítio e tempo de encontro e soluções.”

Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal

O programa conta ainda com exposições, experiências interativas e performances, sempre ligando as várias expressões artísticas ao mote dos direitos humanos.

“A peça de teatro ‘abecedário do medo’, por exemplo, que vamos ver no dia 9, mostra-nos isso mesmo. Também a arte tem esta capacidade de nos fazer ver o que é a vida e daí a nossa opção de termos exposições, instalações, música, teatro, a par com testemunhos de vida”, sublinha ainda Pedro A. Neto.

No dia de arranque do Fórum da Coragem, 7 de dezembro, o tema central desenvolve-se no contexto da campanha global da Amnistia Internacional “Eu Acolho”, a qual se destina a encontrar soluções humanas para o acolhimento e integração de refugiados, numa perspetiva de partilha de responsabilidades entre os países de todo o mundo e identificação de mecanismos alternativos que permitam a todas as pessoas reconstruirem a vida com dignidade. Entre as 10h e as 18h, realizam-se três mesas redondas de debate público que contam com a participação de entidades governamentais, organizações não-governamentais e organismos que trabalham diretamente no acolhimento e integração, assim como académicos e refugiados.

A 8 de dezembro decorre a Assembleia Geral da Amnistia Internacional Portugal, com participação reservada a quem for membro da seção portuguesa da Amnistia Internacional.

E, finalmente, a 9 de dezembro, toma palco central a campanha global da Amnistia Internacional BRAVE que reúne em cimeira, entre as 10h e as 18h, perto de 20 organizações não-governamentais de todo o país e de ativistas de direitos humanos portugueses e de outros países, que aqui se juntam para partilhar experiências e trocar aprendizagens. Em destaque nesta cimeira estão as intervenções de Vitalina Koval e de Idil Eser.

“A peça de teatro ‘abecedário do medo’, que vamos ver no dia 9, mostra-nos isso mesmo. Também a arte tem esta capacidade de nos fazer ver o que é a vida e daí a nossa opção de termos exposições, instalações, música, teatro, a par com testemunhos de vida.”

Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal

Idil Eser era diretora-executiva da Amnistia Internacional Turquia quando foi detida, a 5 de julho de 2017, junto com outros nove ativistas durante um workshop de segurança e informação digital para defensores de direitos humanos, em Istambul. Foi encarcerada numa prisão de segurança máxima na Turquia durante quase quatro meses, até lhe ser finalmente atribuída liberdade condicional durante a pendência de julgamento. Permanece acusada de “pertença a organização terrorista” sem que nenhuma prova credível tenha sido apresentada contra ela e incorre numa possível pena até 15 anos de prisão, se vier a ser condenada neste processo de pura perseguição judicial politicamente motivada e que visa silenciar os defensores de direitos humanos na Turquia.

Vitalina Koval é defensora dos direitos das mulheres e da comunidade LGBTI+ na Ucrânia, onde enfrenta recorrentes ameaças e já sofreu mesmo ataques físicos, incluindo queimaduras químicas nos olhos quando foi atingida com tinta lançada por membros de um grupo de extrema-direita durante uma marcha no Dia Internacional da Mulher, a 8 de março de 2018. Vive atualmente em Kiev onde desenvolve trabalho de tentativa de cooperação com as autoridades ucranianas para a criação e aprovação de legislação sobre os crimes de ódio e para pôr fim à impunidade dos ataques contra ativistas LGBTI+ e dos direitos das mulheres no país.

O Fórum da Coragem tem entrada aberta e gratuita a todo o público nas jornadas de 7 e de 9 de dezembro, devendo ser efetuada pré-inscrição.

É ocasião ainda em que a Amnistia Internacional Portugal celebra o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de dezembro) e lança um mote inspirador ao movimento crescente de ativistas e defensores de direitos humanos em Portugal: “resistir juntos, vencer juntos” para contrariar a alarmante tendência de discurso de ódio, de divisão e de discriminação.

Programa detalhado do Fórum da Coragem no link: www.amnistia.pt/forumcoragem/

Artigos Relacionados