30 Maio 2020

As autoridades de Israel devem suspender imediatamente a proibição de viagem aparentemente punitiva imposta a Laith Abu Zeyad, que trabalha na área de campanhas e ativismo para Israel e a Palestina, no escritório regional de Jerusalém da Amnistia Internacional. O apelo surge em vésperas de uma audiência, marcada para este domingo, num tribunal distrital de Jerusalém.

“O caso de Laith reflete um padrão mais amplo de assédio injustificado contra defensores de direitos humanos em Israel e nos Territórios Palestinianos Ocupados”

Julie Verhaar, secretária-geral interina da Amnistia Internacional

“A Amnistia Internacional mantém total solidariedade para com Laith, um colega respeitado, amigo de confiança e defensor dedicado dos direitos humanos que não fez nada para merecer este tratamento. O caso de Laith reflete um padrão mais amplo de assédio injustificado contra defensores de direitos humanos em Israel e nos Territórios Palestinianos Ocupados [TPO], e demonstra a crescente intolerância de Israel a vozes críticas”, afirma a secretária-geral interina da Amnistia Internacional, Julie Verhaar.

A organização já lançou uma campanha digital de apoio a Laith Abu Zeyad. A Amnistia Internacional pede aos apoiantes e ativistas de todo o mundo que demonstrem solidariedade para com este jovem defensor dos direitos humanos que vive na Cisjordânia ocupada e todos os outros palestinianos e israelitas defensores de direitos humanos que estão a ser punidos pelo seu ativismo.

“Temos todos os motivos para acreditar que Laith está a ser punido apenas pelo seu trabalho em direitos humanos, tornando-o o caso mais recente de uma longa lista de críticos pacíficos que enfrentam represálias de Israel”

Julie Verhaar, secretária-geral interina da Amnistia Internacional

A secretária-geral interina da Amnistia Internacional explica que “as autoridades israelitas alegam estranhamente – e sem nenhum esclarecimento ou fundamentação legal – que têm ‘provas secretas’ que justificam a proibição de viajar”. “Obviamente, estão a fazer uso de uma das táticas mais antigas [e mais déspotas] para silenciar vozes críticas. Temos todos os motivos para acreditar que Laith está a ser punido apenas pelo seu trabalho em direitos humanos, tornando-o o caso mais recente de uma longa lista de críticos pacíficos que enfrentam represálias de Israel”, nota Julie Verhaar.

Noutro cruel revés, a Amnistia Internacional também tomou conhecimento de que Laith Abu Zayed não pode participar da audiência de domingo. O tribunal está localizado em Jerusalém Oriental e o ativista exigiu uma permissão especial para entrar. No entanto, os escritórios militares responsáveis ​​pelo processamento das autorizações estão fechados até domingo, 31 de maio, o dia da audiência.

“Enquanto o mundo começa a levantar os bloqueios, as severas restrições às liberdades básicas para os palestinianos nos TPO vão continuar a ser uma realidade. Para pessoas como Laith, que nada fizeram além de erguer a voz contra a injustiça, uma proibição de viagem significa ficar indefinidamente presas, sem formas de sair do país”, aponta Julie Verhaar.

Como tudo começou

Em setembro de 2019, foi negada uma autorização humanitária para Laith Abu Zeyad acompanhar a sua mãe para tratamentos de saúde, em Jerusalém. A decisão foi justificada com “razões de segurança”.

No mês seguinte, em outubro, foi parado no posto de controlo Allenby/King Hussein, entre a Jordânia e os territórios ocupados da Cisjordânia, quando ia a um funeral de um familiar. Na altura, teve de esperar durante quatro horas até ser informado que estava proibido de viajar pela Agência de Segurança Israelita (Shin Bet), outra vez por “razões de segurança” não reveladas.

Apesar destes dois momentos serem decisivos, a verdade é que desde 12 de maio de 2019 que todos os pedidos de autorizações para trabalhar e entrar em Israel lhe têm sido negados.

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