20 Fevereiro 2009

A Amnistia Internacional afirmou hoje, de acordo com informações recentemente publicadas sobre as munições utilizadas nas três semanas de conflito, que tanto Israel como o Hamas recorreram a armas fornecidas por países estrangeiros nos seus ataques a civis, e pede às Nações Unidas que imponha um exaustivo embargo às armas.
As forças israelitas utilizaram fósforo branco e outras armas fornecidas pelos Estados Unidos da América em inúmeras violações da lei humanitária internacional, incluindo crimes de guerra. Os seus ataques resultaram na morte de centenas de crianças e outros civis, e na destruição maciça de casas e infra-estruturas”, afirmou Donatella Rovera, que liderou a missão de investigação da Amnistia Internacional ao Sul de Israel e a Gaza. “Ao mesmo tempo, o Hamas e outros grupos armados palestinianos dispararam centenas de rockets contrabandeados ou construídos a partir de componentes estrangeiras em áreas civis em Israel. Ainda que se tenha tratado de armamento muito menos letal que o utilizado por Israel, o disparo destes rockets também constitui um crime de guerra e causou muitas mortes civis”.

 Mesmo antes das três semanas de conflito, aqueles que armaram ambos os lados estariam cientes do uso indevido destas armas por parte de ambas as facções. Devem assumir responsabilidade pelas violações cometidas com recurso ao armamento que forneceram e cessar imediatamente futuras transferências.

 Enquanto o principal fornecedor de armas de Israel, os Estados Unidos da América têm uma obrigação particular de interromper qualquer fornecimento que contribua para graves violações das leis da guerra e direitos humanos”, afirmou Malcom Smart, Director para o Médio Oriente.

 Durante muitos anos, os Estados Unidos da América (EUA) têm sido o principal fornecedor de armas convencionais a Israel. Sob um acordo de menos de 10 anos, até 2017, os EUA devem fornecer 30 biliões de dólares em ajuda militar a Israel, um incremento de 25% comparativamente ao período que precedeu a administração Bush.

 Em grande medida, a ofensiva militar de Israel em Gaza foi executada com armas, munições e equipamento militar fornecido pelos EUA e pago com o dinheiro dos contribuintes norte-americanos”, declarou Malcom Smart.

 Em Gaza, à medida que o conflito cessava, investigadores da Amnistia Internacional encontraram fragmentos e componentes de munições utilizadas pelo Exército israelita – incluído muitos de fabrico norte-americano – criando pilhas de lixo em recreios escolares, hospitais e casas particulares. Incluíam cartuchos de tanque, morteiros e restos de mísseis Hellfire e outros mísseis aéreos, e bombas largadas por F-16, bem como restos ainda fumegantes e altamente incendiários de fósforo branco.

 Foram encontrados também restos de um novo tipo de míssil, aparentemente lançado de aeronaves drone não tripuladas, que explodem em inúmeros pequenos cubos metálicos de arestas afiadas, cada um com dois a quatro milímetros quadrados em tamanho. Estes estilhaços fabricados com propósito letal penetraram portas espessas de metal, estavam embutidos em paredes de cimento e foram claramente pensados para obter o máximo de ferimentos.

 No Sul de Israel, a Amnistia Internacional também encontrou reminiscências de “Qassam”, Grad, e outros rockets indiscriminados disparados pelo Hamas e outros grupos armados palestinianos contra áreas civis. Estas armas não sofisticadas entram clandestinamente em Gaza ou são construídas a partir de componentes trazidos secretamente de outros países. Estas não podem ser apontadas correctamente e não suportam qualquer comparação com o armamento empregue por Israel, no entanto, causaram várias mortes de civis israelitas, inúmeros feridos e estragos em propriedade civil.

 Apelamos ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para que imponha um embargo imediato e exaustivo a Israel, ao Hamas e outros grupos armados palestinianos até serem encontrados mecanismos eficazes para assegurar que as munições e outros equipamentos militares não sejam utilizados para cometer violações graves da lei internacional”, afirmou Malcom Smart. “Adicionalmente, todos os estados deveriam suspender todas as transferências de equipamento militar, assistência e munições para Israel, para o Hamas e outros grupos armados palestinianos até que não haja risco substancial de violações dos direitos humanos. Deve haver um retorno à normalidade, com as consequências previsivelmente devastadoras para os civis em Gaza e Israel.

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