23 Fevereiro 2016

O último dos presos do chamado “caso dos três de Angola”, Albert Woodfox, foi finalmente liberto ao fim de mais de 40 anos em solitária na maior prisão de alta segurança dos Estados Unidos (conhecida como “Prisão de Angola”).

“Ao fim de quatro décadas de isolamento, a libertação de Albert Woodfox é há muito devida e uma justiça inegável”, frisa a campaigner do programa Indivíduos em Risco da Amnistia Internacional Estados Unidos Jasmine Heiss. “Nada reparará verdadeiramente o isolamento prisional cruel, desumano e degradante que o estado do Louisiana lhe infligiu. Mas esta decisão de justiça, há muito devida, e no dia do 69º aniversário de Woodfox [na passada sexta-feira, 19 de fevereiro], é algo pelo qual ele ansiou durante mais de metade da sua vida”, prossegue a perita.

A Amnistia Internacional junta-se aos apoiantes de Albert Woodfox por todo o mundo na celebração da sua incansável busca por justiça, assim como da sua equipa legal.

O estado do Louisiana, onde se localiza a “Prisão de Angola”, apenas libertou outro dos condenados no mesmo caso, Herman Wallace, quando este se encontrava já às portas da morte, mas com Woodfox tomou finalmente a decisão justa e humana ao libertá-lo finalmente.

“Este dia deve também constituir um novo capítulo para a reforma do recurso ao regime de solitária prolongada nas prisões e centros de detenção dos Estados Unidos. Para que haja avanços, o caso de Albert Woodfox tem de servir como uma memória trágica da crueldade que é infligida pelo sistema prisional na sua forma mais extrema. O estado do Louisiana tem de se comprometer a fazer reformas urgentes à prisão em regime de solitária, e traçar um rumo para fazer a sua parte no que toca a acabar com a crise geral dos encarceramentos maciços [nos Estados Unidos]”, sustenta Jasmine Heiss.

Ao longo dos últimos cinco anos, o movimento global de ativismo da Amnistia Internacional gerou mais de 650 mil ações em defesa dos “três de Angola”. O relator especial das Nações Unidas sobre a Tortura, Juan Mendez, considerou que a prisão prolongada em isolamento imposta a Woodfox “claramente constitui tortura e tem de terminar imediatamente”.

Antes da decisão tomada na sexta-feira, a condenação de Albert Woodfox já fora revogada por três vezes. A 8 de junho de 2015, o juiz federal James Brandy decretou a liberdade incondicional de Woodfox e proibiu o estado do Louisiana de o voltar a julgar. Porém, aquela decisão acabou por ser anulada em recurso.

Artigos Relacionados