Durante o Movimento das Folhas em Branco, Chen Pinlin e os seus amigos filmaram uma grande quantidade de vídeos na Rua Central de Urumqi, local de um grande protesto em Xangai. Por volta do primeiro aniversário do Movimento das Folhas em Branco, em novembro de 2023, Chen finalizou e publicou as imagens na internet, num documentário a que chamou Rua Central de Urumqi, também chamado de “A força não estrangeira”. No final do filme, Chen deixava a seguinte mensagem:
“Algumas pessoas perguntam: qual o sentido de protestar nas ruas? No fim, fica tudo na mesma, reprimido, blindado e mal interpretado. Mas, como disse Churchill: ‘A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras’. Faltava-nos experiência e temos sido cobardes e vacilantes, mas hoje temos a coragem de nos levantar e falar. O que nos faltou desta vez, podemos fazer melhor na próxima. Se acontecesse de novo, eu ainda escolheria estar lá. Porque um governo que tem medo até mesmo de uma folha em branco não pode derrotar a justiça no coração do povo”.
No final de novembro de 2023, Chen Pinlin foi detido pelas autoridades chinesas por “provocar desacatos e causar problemas”. A 5 de janeiro de 2024, Chen foi formalmente preso pela mesma acusação; atualmente, está preso no Centro de Detenção de Baoshan. A 18 de fevereiro de 2025, seu caso foi transferido para o Ministério Público para julgamento.
O Movimento das Folhas em Branco – 25 de Novembro de 2022
O mais recente movimento que abalou o poder do governo da China foi o Movimento das Folhas em Branco, que surgiu como reação às restrições impostas perante o ressurgimento da Covid-19.
Em 24 de Novembro de 2022, um incêndio deflagrou num prédio em Urumqi, capital do Xinjiang. Os habitantes surgiram à janela pedindo socorro, mas devido às severas restrições devido à Covid 19, as portas estavam aferrolhadas: mais de 10 pessoas morreram queimadas. A notícia espalhou-se por toda a China, dando origem a um protesto generalizado, em que o governo foi posto em causa.
A inexistência de liberdade de expressão foi exposta pelos estudantes que exibiam folhas em branco, símbolo da proibição de se exprimirem.
Texto da carta a enviar
Ex.mo Senhor
O cineasta Chen Pinlin foi condenado, em 6 de Janeiro de 2025, a três anos e meio de prisão pelo seu filme sobre o Movimento das Folhas em Branco. Foi acusado de “provocar conflitos e perturbar a ordem pública”.
Em 2022-2023 Chen Pinlin (陈品霖), também conhecido por Plato, criou e divulgou o documentário intitulado ‘Urumqi Middle Road’ (乌鲁木齐中路). Este documentário regista uma série de protestos pacíficos contra três anos de confinamentos sob a política de zero-COVID e sobre o severo ambiente de censura e vigilância na China.
No dia 5 de Janeiro de 2024, a polícia de Shanghai deteve-o sob a acusação de “provocar conflitos e perturbar a ordem pública”. No dia 18 e Fevereiro de 2024 o seu caso foi entregue no gabinete do Procurador para ser formulada a acusação e ele foi condenado no dia 6 de Janeiro de 2025.
A família de Chen foi perseguida e intimidada pela polícia, o que é um procedimento comum nos casos dos defensores dos direitos humanos detidos na China. Vários outros participantes no Movimento das Folhas em Branco e as suas famílias têm sido perseguidos e questionados pelas autoridades chinesas.
Chen Pinlin tem estado detido apenas pelo exercício pacífico do seu direito à liberdade de expressão, um direito consagrado pela lei internacional dos direitos humanos, pelo que insto consigo para que:
- Liberte Chen Pinlin Imediata e incondicionalmente,
- Pare de ameaçar e perseguir a família de Chen e outros indivíduos associados ao Movimento das Folhas em Branco, e aqueles que pacificamente exercem os seus direitos de liberdade de expressão e de associação
Cumprimentos,
Letter to target
Dear Chief Procurator Chen,
In 2022-2023, Chen Pinlin (陈品霖 ), also known as Plato, created and released the documentary called ‘Urumqi Middle Road’ (乌鲁 木 齐 中路 ). This documentary records a series of peaceful protests against three years of rolling lockdowns under China’s zero-COVID policy and the harsh environment of censorship and surveillance in China.
I am writing to express my grave concern for Chen’s well-being. On 5 January 2024, police in Shanghai arrested him for “picking quarrels and provoking trouble”; on 18 February, his case was transferred to the prosecutor’s office for prosecution. Chen is currently being held in pre-trial detention at the Baoshan Detention Center in Shanghai. While in custody, Chen is at risk of torture and other ill-treatment, as well as violations of his due process rights. In the last decade, Amnesty International has documented a number of cases in China in which individuals held on these charges, often for their work to uphold freedom of expression and defend other human rights, have experienced torture and other ill-treatment and been unable to access effective remedy for those violations.
Chen’s family has reportedly been harassed and intimidated by the police, which is also a common trend with cases of detained defenders in China. Since the White Paper Movement, several other participants or their families have been harassed and questioned by Chinese authorities. It is difficult to know exactly how many individuals have been silenced, arrested or even disappeared in efforts by authorities to control information about the protests and further limit fundamental freedoms.
Chen Pinlin is being detained solely for the peaceful exercise of his right to freedom of expression, a right guaranteed under international human rights law. Therefore, I urge you to:
• Release Chen Pinlin immediately and unconditionally;
• Pending his release, ensure he is not subjected to torture and other ill-treatment while in detention;
• Stop threatening, harassing, and arresting Chen’s family, other individuals associated with the White Paper Movement, and anyone who peacefully exercises their rights to freedom of expression and association.
Yours sincerely,