21 Setembro 2009

Na véspera do encontro de líderes mundiais em Nova Iorque, no qual se irá discutir o aumento de fundos para os cuidados de saúde nos países em desenvolvimento, a Secretária-Geral da Amnistia Internacional, Irene Khan, lançou a campanha para reduzir a mortalidade materna na Serra Leoa.
O relatório Out of Reach: The cost of maternal Health in Sierra Leone usa relatos pessoais para mostrar como as mulheres e raparigas são frequentemente impedidas de aceder a tratamentos de saúde no país, porque são demasiado pobres para os pagar. Na Serra Leoa uma em cada oito mulheres corre o risco de morrer durante a gravidez ou no parto. Esta é uma das maiores taxas de mortalidade materna no mundo.

 Milhares de mulheres morrem após o parto em consequência de hemorragias. A maior parte morre nas suas casas. Outras morrem a caminho do hospital, nos táxis, nas motorizadas ou quando se deslocam a pé. Na Serra Leoa, menos de metade dos partos são realizados por alguém com formação na área e menos de um em cinco são levados a cabo com todos os cuidados médicos.

 

 “Estas estatísticas cruéis revelam que a mortalidade materna é uma emergência no que toca aos Direitos Humanos na Serra Leoa”, disse Irene Khan enquanto apresentava o relatório na capital da Serra leoa, Freetown. “As mulheres e as raparigas estão a morrer aos milhares, porque é-lhes negado frequentemente o seu direito à vida e à saúde, apesar das promessas do governo de providenciar cuidados de saúde de graça para mulheres grávidas”.

 Na Assembleia Geral das Nações Unidas de dia 23 de Setembro estará em discussão o acesso a cuidados de saúde nos países em desenvolvimento. Gordon Brown, Primeiro-Ministro britânico, deverá anunciar uma série de medidas financeiras com o objectivo de melhorar os cuidados de saúde nos países em desenvolvimento, com particular ênfase para os cuidados infantis e maternais. A Serra Leoa deverá ser um dos beneficiários deste fundo.

 “É urgente mais dinheiro para a Serra Leoa, mas este não chegará para as mulheres e crianças em áreas remotas, que representam o maior risco”, afirmou Irene Khan. “As vidas destas mulheres e raparigas serão salvas apenas quando o sistema de saúde for devidamente gerido e o Governo da Serra Leoa responsabilizado”.

 “Apenas dinheiro não resolverá o problema. Na Serra Leoa, a tragédia da mortalidade materna está subjacente à discriminação e ao facto das mulheres serem o estrato mais baixo da sociedade. Este é um país onde as raparigas são forçadas a casar cedo, onde são excluídas das escolas e enfrentam violência sexual. As suas famílias, os líderes das suas comunidades e mesmo o governo atribuem pouca importância às necessidades das mulheres no que toca a cuidados de saúde”.

 A visita de Irene Khan à Serra Leoa marca o início da acção da Amnistia Internacional contra a mortalidade maternal naquele país. Uma caravana irá percorrer o país nas próximas semanas, actuando como veículo de informação e espaço de debate sobre a saúde maternal.

 A Amnistia Internacional acredita que a pobreza é uma questão importante quando falamos de Direitos Humanos e este ano lançou a campanha Exija Dignidade, que apela ao fim das violações dos direitos humanos que levam à pobreza ou ao aprofundar desta. A mortalidade materna é um dos pontos-chave desta campanha.

 A campanha mobiliza pessoas de todo o mundo num apelo aos governos e às empresas para que oiçam as vozes daqueles que vivem na pobreza e para que respeitem os seus direitos.      

 Nota:
No dia 22 de Setembro, em Freetown são esperadas milhares de pessoas no evento público em que Irene Khan dará o pontapé de saída à Caravana da Amnistia Internacional para “Acabar com a Mortalidade Materna”. A caravana percorrerá o país, consciencializando a população para o problema da mortalidade materna como uma questão de direitos humanos na Serra Leoa e exigindo do governo melhoramentos nos serviços de saúde. O evento contará com Irene Khan e altos funcionários governamentais e será exibido um filme e uma peça de teatro sobre a Mortalidade Materna.

 Enquanto se encontrar na Serra Leoa, Irene Khan terá encontros com a primeira-dama Sia Koroma e com outros altos funcionários governamentais. Também visitará várias unidades de saúde, bairros degradados e grupos de mulheres para tomar contacto com as pessoas que diariamente vivem com a realidade da mortalidade materna.

 A Amnistia Internacional está a tratar a mortalidade materna como um dos temas da campanha Exija Dignidade, lançada recentemente e que se centra na pobreza e nos direitos humanos.

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