Em resposta ao veto da Rússia ao prolongamento de um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, que teria renovado o corredor de ajuda humanitária no Noroeste da Síria por mais um ano, Agnès Callamard, secretária-geral da Amnistia Internacional, considera o veto russo”um jogo político irresponsável com consequências para civis inocentes”.
“Este veto surge após uma série de compromissos entre a Rússia e a China, começando com o encerramento de dois pontos de passagem da fronteira nos últimos dois anos e terminando com o desmantelamento do mecanismo de ajuda da ONU”.
“A Rússia apresentou uma resolução alternativa para uma renovação de apenas seis meses que foi apoiada por apenas dois membros do Conselho, muito menos do que os nove votos necessários.
“O veto russo irá efetivamente encerrar a última linha de salvação de pelo menos quatro milhões de pessoas no Noroeste da Síria, que dependem da ajuda da ONU para sobreviverem”
Agnès Callamard
“O veto russo irá efetivamente encerrar a última linha de salvação de pelo menos quatro milhões de pessoas no Noroeste da Síria, que dependem da ajuda da ONU para sobreviverem. Isto só irá exacerbar a crise humanitária, mas também conduzirá a uma catástrofe, uma vez que homens, mulheres e crianças que vivem no Noroeste da Síria deixarão de receber alimentos ou acesso a serviços essenciais, tais como habitação, água e cuidados de saúde”
“A Rússia deveria juntar-se aos 13 membros do Conselho que apoiaram uma renovação total de 12 meses e abster-se de continuar a utilizar o veto contra o prolongamento da ajuda humanitária que salva vidas durante 12 meses”.
Contexto
O mecanismo de prestação de ajuda transfronteiriça da ONU foi estabelecido pela Resolução 2165 (2014) para que a ONU e os seus parceiros de implementação prestassem ajuda sem a autorização do governo sírio. Desde então, a ONU e os seus parceiros, bem como outras organizações humanitárias, têm fornecido ajuda e serviços como alimentação, água, higiene, saneamento, cuidados de saúde, educação e proteção às pessoas que vivem no Noroeste da Síria, incluindo deslocados internos, através da fronteira entre a Turquia e o Noroeste da Síria.
Num novo relatório, “Condições de vida insuportáveis: a falta de acesso a direitos económicos e sociais em campos de deslocados internos no noroeste da Síria”, divulgado pela Amnistia Internacional”, demonstra a vulnerabilidade e a dependência dos deslocados internos da ajuda internacional.