9 Janeiro 2018

Escreva uma mensagem a Raif Badawi e à família!
As suas palavras são muito importantes

Sábado, 13 de janeiro, devia ser dia de festa. O ativista saudita Raif Badawi completa 34 anos, mas uma vez mais vai passar o dia atrás das grades na Arábia Saudita, bem longe da família que está refugiada no Canadá. Raif cumpre uma pena de 10 anos de prisão por ter ousado criar um fórum de debate público online. A pena incluía ainda 1 000 chicotadas.

As primeiras 50 chicotadas chocaram o mundo quando o vídeo se tornou viral nas redes sociais. Estávamos a 9 de janeiro de 2015 quando Raif foi flagelado em praça pública. Ativistas um pouco por todo o mundo saíram às ruas e milhares assinaram a petição que exigia o fim desta crueldade. Desde então Raif Badawi nunca mais foi chicoteado.

Nós não vamos parar enquanto Raif não estiver em liberdade!

Neste aniversário, divulgamos a carta que Najwa Badawi escreveu ao pai e pedimos que escreva uma mensagem de solidariedade para enviarmos à família de Raif.

A carta que a filha de Raif Badawi escreveu ao pai

Najwa Badawi, 14 anos

Não conseguia perceber porque é que estávamos a sair da Arábia Saudita. Tinha apenas oito anos.

Um dia acordámos, o Doudi, a Miriam e eu, e vimos que as nossas roupas estavam todas embaladas em malas de viagens.

A mãe estava apressada e em pânico e o medo apoderou-se do meu corpo.

“O que está a acontecer?”, perguntei.

“Temos de ir embora”, ela disse. “O vosso pai vai ter connosco mais tarde”.

Fiquei tão surpreendida por nos deixares ir embora sem ti. Não fazia sentido. Durante toda a viagem estive furiosa contigo, mas não disse nada a ninguém.

Passaram-se dois anos e tu não vieste.

Durante todo o tempo perguntei à mãe: “quando é que ele vem?”. Ela respondia: “em breve – é só uma questão de tempo”. E eu esperei.

Quando viajámos para o Canadá achei que ias estar no aeroporto para nos fazeres uma surpresa. Mas não estavas lá. E eu continuei zangada.

Durante a maior parte do tempo, pensei que nos tinhas deixado. Achei que já não nos amavas ou que não querias saber de nós. Durante a maior parte do tempo estive preocupada com a mãe. O que iria ser de nós sem ti?

Ao longo de todo este tempo guardei a minha raiva só para mim e ao longo de todo este tempo ela foi crescendo dentro de mim, destroçada, confusa.

(…)

Entretanto chegou o dia em que descobri a verdade: que estavas preso, que foste preso por falares sobre aquilo em que acreditas, que foste inteligente e patriota e que nunca nos terias deixado se tivesses a possibilidade de escolher.

É duro saber que durante todo este tempo estiveste na prisão, mas o sentimento de alívio foi mais forte. Sentir que ainda nos amas, que estás a pensar em nós, que te preocupas muito connosco. Saber tudo isto acabou com a minha raiva e encheu-me de uma enorme saudade e de esperança no dia em que te vou ver novamente.

Por isso continuo à espera, mas agora com muito mais esperança no meu coração – a esperança de que o rei Salman te vai perdoar e a esperança de que vais voltar para nós, mais amado e dedicado que nunca.


 


 

Bem-vind@ à Amnistia Internacional Portugal!

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