6 Novembro 2009

O genocídio ocorrido no Ruanda há 15 anos vitimou, segundo estimativas oficiais, 800 mil Tutsis e Hutus moderados. As vítimas deste genocídio não foram apenas os ruandeses mortos mas também os sobreviventes que carregam até hoje as marcas físicas e psicológicas de um dos maiores atentados à humanidade, especialmente as mulheres que foram sujeitas a violações sistemáticas e planeadas. As estimativas situam-se entre 250 mil a meio milhão de ruandesas violadas segundo o Relator Especial da Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas.

A violação usada como arma de guerra tornou-se prática comum em vários conflitos, por exemplo no Darfur e na República Democrática do Congo, e deixa um rasto de degradação e sofrimento que é herdado pelas gerações futuras principalmente quando as mulheres são infectadas com o VIH SIDA. Um ataque à mulher simboliza, em certas culturas, um ataque à comunidade inteira e, em alguns casos, as mulheres são excluídas pela sua família e pela sociedade, especialmente quando as violações resultam em gravidezes indesejadas. Isoladas e vivendo na pobreza, muitas das vezes doentes com SIDA, estas são mulheres que precisam urgentemente de apoio e de capacitação para conseguirem sair da pobreza e fazerem a transição de vítimas para sobreviventes. 
 

Maria Bello, actriz norte-americana que trabalha na área da violência de género disse “As pessoas precisam de ir onde está o silêncio e dizer alguma coisa.”E é exactamente isso que é preciso fazer nestes casos.
 

Este é, aliás, um dos objectivos do fórum online com o tema “Fourth Wave: Violence, Gender, Culture & HIV in the 21st Century” promovido pela UNESCO, UNIFEM e pelo Social Science Research Council (SSRC).  Inaugurado no dia 1 de Novembro, o fórum tem vários artigos que podem ser comentados até dia 30 de Dezembro sobre a relação entre conflitos, violência sexual, VIH SIDA e desigualdades estruturais de género. http://blogs.ssrc.org/fourthwave

 Nota – Para além da monitorização, a AI também desenvolve investigação nesta área e faz lobby e advogacy pelos casos que surgem, realizando acções para chamar a atenção sobre o assunto e usando campanhas globais (como a campanha da eliminação da violência contra as mulheres) para alertar a sociedade civil e decisores políticos. 

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