20 Novembro 2025

 

  • Propostas Omnibus Digital, da Comissão Europeia, vão desmantelar proteções contra ameaças digitais
  • “Pressão desreguladora da UE em curso irá levar a um enfraquecimento dos direitos das pessoas e expô-las à opressão digital, o que abrirá a porta à vigilância ilegal, à discriminação na atribuição de benefícios sociais e na aplicação da lei” – Damini Satija
  • Algumas das leis conquistadas com muito esforço ainda nem entraram em vigor, mas a UE já está a tentar mudar o equilíbrio de poder da proteção individual para a impunidade corporativa

 

 

Em resposta às chamadas propostas Omnibus Digital, da Comissão Europeia, que irão desmantelar as proteções contra ameaças digitais, Damini Satija, Diretor de Programação da Amnistia Internacional Tech, defendeu que “a pressão desreguladora da UE em curso irá levar a um enfraquecimento dos direitos das pessoas e expô-las à opressão digital. Isto abrirá a porta à vigilância ilegal, à discriminação na atribuição de benefícios sociais e na aplicação da lei, privará as pessoas do seu direito de controlar os seus dados pessoais e de se oporem a decisões automatizadas, e permitirá a disseminação de conteúdos prejudiciais online”.

Além destas preocupações, Damini Satija adiantou ainda que a denominada lei Omnibus Digital “também tornará mais difícil detetar e contestar as decisões tomadas por sistemas automatizados sobre quem recebe benefícios sociais, empregos e oportunidades educativas, ao mesmo tempo que agravarão ainda mais os danos climáticos alimentados por políticas que dão prioridade à indústria tecnológica”.

” As propostas Omnibus Digital também tornarão mais difícil detetar e contestar as decisões tomadas por sistemas automatizados sobre quem recebe benefícios sociais, empregos e oportunidades educativas, ao mesmo tempo que agravarão ainda mais os danos climáticos alimentados por políticas que dão prioridade à indústria tecnológica.”

Damini Satija

Para o responsável da Amnistia Internacional, “anos de trabalho árduo da sociedade civil, sindicatos e defensores dos direitos humanos foram dedicados a garantir que o regulamento digital da UE protege as pessoas contra ameaças digitais e sistemas de IA injustos, ao mesmo tempo que salvaguarda os seus dados e responsabiliza governos e empresas pelo uso indevido de tecnologias. Estas medidas são essenciais para uma sociedade digitalmente segura”.

Algumas destas leis conquistadas com tanto esforço ainda nem entraram em vigor, mas a UE já está a “tentar mudar o equilíbrio de poder da proteção individual para a impunidade corporativa, cedendo aos motivos centrados no lucro dos gigantes tecnológicos que muitas vezes operam à custa dos nossos direitos”, adianta.

“Se a UE quer realmente apoiar a implementação harmoniosa das leis digitais, incluindo a Lei da IA, o RGPD e outras proteções vitais, deve reforçar as salvaguardas existentes e garantir que as leis sejam aplicadas de forma significativa — e não desmantelar as estruturas que atualmente responsabilizam as empresas e permitem o progresso rumo a um futuro tecnológico que respeite os direitos,”, conclui Damini Satija.

 

Contexto

O pacote digital faz parte de uma iniciativa mais ampla de desregulamentação da UE, para a qual a sociedade civil tem alertado.

 

Perguntas Relacionadas

O que é a proposta "Omnibus Digital" da União Europeia e qual o seu principal objetivo?

A proposta "Omnibus Digital" é um conjunto de alterações legislativas apresentadas pela União Europeia que visam simplificar e harmonizar regras em várias áreas digitais. O seu objetivo central é reduzir a burocracia para empresas, especialmente as pequenas e médias, facilitando a sua atuação no mercado único digital. No entanto, segundo a Amnistia Internacional, estas mudanças podem comprometer a proteção dos direitos digitais dos cidadãos.

Quais são as principais críticas da Amnistia Internacional em relação à proposta Omnibus Digital?

A Amnistia Internacional critica a proposta por considerar que ela enfraquece os mecanismos de responsabilização das empresas e plataformas digitais. A organização alerta que as alterações podem dificultar a aplicação de leis que protegem os direitos humanos no ambiente digital, como a privacidade, a liberdade de expressão e a não discriminação, ao reduzir obrigações de transparência e supervisão.

Como é que a proposta Omnibus Digital afeta a proteção de dados dos utilizadores?

A proposta pode diminuir os requisitos de proteção de dados ao simplificar ou eliminar certas obrigações impostas pelo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD). Isto significa que as empresas poderão ter menos responsabilidade na gestão dos dados pessoais dos utilizadores, o que, segundo a Amnistia Internacional, aumenta o risco de abusos e violações da privacidade.

Que impacto terá esta proposta nas pequenas e médias empresas (PME) no setor digital?

A proposta Omnibus Digital pretende aliviar o fardo regulatório sobre as PME, tornando mais fácil e menos dispendioso para estas operarem no mercado digital da UE. Contudo, a Amnistia Internacional adverte que, ao reduzir as obrigações de conformidade, também se pode criar um ambiente onde as PME tenham menos incentivos para adotar práticas éticas e respeitadoras dos direitos digitais dos utilizadores.

A proposta Omnibus Digital afeta apenas as empresas europeias ou também as plataformas internacionais?

Embora a proposta seja direcionada principalmente para o mercado único digital da UE, as suas implicações podem estender-se a plataformas internacionais que operam na Europa. A Amnistia Internacional destaca que, ao enfraquecer as regras de responsabilização, mesmo empresas não europeias poderão beneficiar de menos supervisão quando atuam no espaço digital da UE, o que pode ter consequências globais.

Que alternativas propõe a Amnistia Internacional para equilibrar a simplificação regulatória e a proteção dos direitos digitais?

A Amnistia Internacional defende que a UE deve manter um equilíbrio entre a redução da burocracia e a salvaguarda dos direitos humanos no digital. Sugere que, em vez de eliminar proteções, se deva otimizar os processos de conformidade, garantindo que as empresas cumprem as suas obrigações sem sobrecarga administrativa. Além disso, recomenda que se reforcem os mecanismos de fiscalização independente para prevenir abusos.

⚠️ Este painel de questões relacionadas foi criado com IA mas revisto por um humano.

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