- Mais de 22 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária
- Muitos países doadores, incluindo os EUA, cortaram ou reduziram ajuda
- Amnistia Internacional apela a autoridades talibãs para que garantam acesso sem restrições a organizações não-governamentais
“A Amnistia Internacional expressa as suas mais profundas condolências às famílias que perderam entes queridos no devastador terramoto que ocorreu num momento em que o Afeganistão enfrenta uma série de crises”, afirmou Babu Ram Pant, diretor regional adjunto da Amnistia Internacional para o Sul da Ásia, perante as notícias sobre o sismo que atingiu as províncias orientais do Afeganistão no passado dia 2 de setembro.
Mais de 22 milhões de pessoas, quase metade da população do país, precisam de assistência humanitária. A crise humanitária é ainda mais agravada pela deportação em massa de mais de 1,9 milhões de refugiados e requerentes de asilo afegãos do Irão e do Paquistão, muitos dos quais viviam em tendas improvisadas perto das fronteiras. Além disso, muitos países doadores, incluindo os EUA, cortaram ou reduziram a ajuda e a assistência ao povo do Afeganistão.
“As autoridades de facto dos Talibãs também são responsáveis pela redução das operações das agências humanitárias e de ajuda no país, devido a políticas restritivas e à proibição de mulheres afegãs trabalharem para a ONU, bem como para outras ONGs no Afeganistão. Isto faz parte do ataque sistemático dos Talibãs aos direitos humanos no país”.
A “Amnistia Internacional apela às autoridades de facto dos Talibãs para que garantam o acesso imediato e sem obstáculos a todas as organizações humanitárias e removam as barreiras administrativas que atrasam a avaliação das necessidades. Devem atender às necessidades das comunidades afetadas e garantir que os esforços de resgate e socorro sejam realizados sem discriminação. Devem ser implementadas medidas especiais para garantir que os direitos humanos dos grupos mais vulneráveis, que muitas vezes enfrentam desafios agravados em situações de crise, incluindo mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiência, sejam garantidos nos esforços de socorro e recuperação”.
“Em tempos de crise, é vital que a proteção dos direitos humanos esteja no centro da resposta”
Babu Ram Pant
“Em tempos de crise, é vital que a proteção dos direitos humanos esteja no centro da resposta. As autoridades de facto dos Talibã devem garantir que cumprem as suas obrigações em matéria de direitos humanos e tomar medidas para facilitar a prestação de assistência humanitária de forma não discriminatória e eficaz na resposta às necessidades das pessoas”.
Contexto
Um terramoto de magnitude 6,0 atingiu o leste do Afeganistão, perto da fronteira com o Paquistão, pouco antes da meia-noite do dia 1 de setembro, hora local. Mais de 1100 pessoas morreram e 2.500 ficaram feridas, e várias aldeias foram completamente destruídas.
O Afeganistão sofreu um devastador terramoto de magnitude 6,3 em outubro de 2023, que arrasou aldeias e deixou milhares de mortos. Devido às sanções, ao isolamento internacional e à interferência dos Talibãs, os socorristas disseram na altura que havia pouca ou nenhuma ajuda disponível para as pessoas e milhares permaneceram presas durante dias sem ajuda.
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