4 Março 2021

O procurador do condado de Polk, no estado norte-americano de Iowa, deve retirar imediatamente as acusações falsas contra a jornalista Andrea Sahouri, do Des Moines Register, que foi detida durante um protesto do movimento Black Lives Matter. Tudo aconteceu em 2020, quando a repórter estava a fazer apenas o seu trabalho, sublinha a Amnistia Internacional.

“As acusações contra Andrea Sahouri representam uma clara violação da liberdade de imprensa e enquadram-se num padrão perturbador de abusos contra jornalistas por parte da polícia”

Erika Guevara-Rosas, diretora da Amnistia Internacional para as Américas

“As acusações contra Andrea Sahouri representam uma clara violação da liberdade de imprensa e enquadram-se num padrão perturbador de abusos contra jornalistas por parte da polícia nos Estados Unidos da América [EUA]. É profundamente preocupante que o procurador leve acusações falsas a julgamento”, defende a diretora da Amnistia Internacional para as Américas, Erika Guevara-Rosas.

Na noite de 31 de maio de 2020, a polícia da cidade de Des Moines, no estado de Iowa, lançou gás pimenta e deteve Andrea Sahouri, enquanto a jornalista realizava uma reportagem sobre um protesto do movimento Black Lives Matter. Na altura, gritou: “Sou jornalista, sou jornalista”.

No próximo dia 8 de março, as autoridades dos EUA apresentam em tribunal as acusações contra Andrea Sahouri de “não dispersão” e “interferência em atos oficiais”. O procurador insistiu em avançar com o julgamento destes delitos, que podem resultar em multa, 30 dias de prisão ou ambas.

“Nenhum jornalista deve ser punido por fazer o seu trabalho e transmitir informações tão importantes. Tratar o trabalho dos média como crime é uma violação de direitos humanos. As autoridades dos EUA devem apoiar a liberdade de expressão e retirar imediatamente as acusações contra Andrea Sahouri”

Erika Guevara-Rosas, diretora da Amnistia Internacional para as Américas

“Em 2020, jornalistas em todo o país forneceram ao mundo reportagens importantes sobre o movimento Black Lives Matter e as chocantes violações de direitos humanos contra manifestantes cometidas pela polícia. Nenhum jornalista deve ser punido por fazer o seu trabalho e transmitir informações tão importantes. Tratar o trabalho dos média como crime é uma violação de direitos humanos. As autoridades dos EUA devem apoiar a liberdade de expressão e retirar imediatamente as acusações contra Andrea Sahouri”, afirma Erika Guevara-Rosas.

A Amnistia Internacional documentou o caso de Andrea Sahouri no relatório The World is Watching: Mass Violations by US Police of Black Lives Matter Protesters’ Rights (“O Mundo está Atento: Violações em Massa pela Polícia Norte-americana dos Direitos dos Manifestantes do Movimento Black Lives Matter”), divulgado em agosto de 2020, que detalhava como as autoridades policiais visaram, de forma desnecessária e injusta, jornalistas, observadores legais, médicos que prestavam cuidados nas ruas e manifestantes. Em causa estava o uso excessivo de força em numerosos protestos, a maioria pacíficos, que violou os direitos à liberdade de expressão e reunião pacífica, causando ferimentos e colocando em perigo todos os envolvidos.

Atualmente, a Amnistia Internacional está a fazer uma campanha global para que as acusações contra Andrea Sahouri sejam retiradas.

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