1 Junho 2010

O bloqueio israelita de Gaza deixou já 1.4 milhões de homens, mulheres e crianças palestinianos presos na faixa de Gaza, uma área com apenas 40 quilómetros de comprimento e 9.5 quilómetros de largura.

O desemprego massivo, a pobreza extrema e o preço dos bens alimentares a crescerem em flecha devido à escassez, deixaram já quatro em cada cinco habitantes da Faixa de Gaza dependentes de ajuda humanitária. O bloqueio de Gaza por Israel é uma flagrante violação da lei internacional, tratando-se de uma forma de punição colectiva.

Fronteiras fechadas
Desde que foi declarado o bloqueio a Gaza em Junho de 2007, os cinco percursos entre Gaza e Israel ou com a Cisjordânia têm sido mantidos fechados.

A última passagem possível, em Rafah, na fronteira entre Gaza e o Egipto, encontra-se controlada pelas autoridades egípcias está fechada para impedir a passagem de palestinianos de e para Gaza, sendo abertas poucas excepções apenas para alguns casos humanitários.

Bens de primeira necessidade
O bloqueio proíbe a maior parte da saída e da entrada de bens básicos, incluindo bens alimentares e combustível. A maior parte dos bens alimentares disponíveis são fornecidos pelas Nações Unidas ou por outras agências de auxílio humanitário, ou traficados através de túneis subterrâneos que passam por baixo da fronteira entre o Egipto e Gaza, para serem vendidos a preços exorbitantes aos moradores sitiados de Gaza.
A situação só tem vindo a piorar devido à construção, por parte do governo egípcio, de uma barreira de metal ao longo da fronteira de Rafah, no sentido de impedir o tráfico que se tem provado essencial à sobrevivência dos habitantes de Gaza, bem como pelo bombardeamento de túneis pela força aérea israelita.

Colapso económico
Em vez de atingir grupos armados, o bloqueio israelita lesa apenas os sectores mais vulneráveis da população, tais como as crianças (cujo número perfaz mais da metade da população de Gaza), os idosos, os doentes e os numerosos refugiados.

De acordo com a Agência das Nações Unidas para a Assistência, o número de refugiados que vivem em condições de extrema pobreza na Faixa de Gaza triplicou desde que o bloqueio teve início. A estas famílias faltam os meios de acesso aos bens de primeira necessidade, incluindo sabão, materiais educativos e água potável. De acordo com as Nações Unidas, mais de 60% dos lares têm dificuldades no acesso a bens alimentares.

Falta de instalações
Têm piorado os problemas relativos ao fornecimento de electricidade na Faixa de Gaza e a população encontra-se sujeita a cortes de electricidade que podem durar entre 8 e 12 horas por dia. Há também escassez periódica de gás de cozinha, que exigiu a implementação de um regime de racionamento no qual hospitais e padarias têm acesso prioritário.

Bloqueio de ajuda
Apesar de Israel permitir a entrada em Gaza de alguns bens humanitários através de organizações internacionais de auxílio, elas estão sujeitas a estritos limites e chegam com atrasos frequentes. As agências da ONU afirmam que os custos adicionais de armazenamento e de transporte causados pelos atrasos provocados pelo bloqueio totalizaram cerca de 5 milhões de dólares em 2009.

Saúde
Durante o bloqueio, o sector da saúde em Gaza tem sido vítima de escassez de equipamento e de bens médicos.

Na sequência do encerramento das fronteiras, as pessoas com problemas de saúde que não podem receber tratamento em Gaza passaram a ter que apresentar pedidos de licenças que lhes permitam deixar o território de forma a receber tratamento ou em hospitais estrangeiros ou em hospitais palestinianos na Cisjordânia.

As autoridades israelitas adiam ou recusam estas licenças frequentemente: já se verificaram casos de habitantes de Gaza terem morrido enquanto esperavam que lhes fossem atribuídas as licenças necessárias para conseguirem sair do território para obter tratamento.

Os camiões de equipamento médico da Organização Mundial de Saúde com destino a Gaza têm sido repetidamente obrigados a voltar para trás pelos oficiais de fronteira israelitas, sem qualquer explicação.

O Conflito em Gaza
De 27 de Dezembro de 2008 até 18 de Janeiro de 2009, Gaza foi sujeita a uma devastadora ofensiva militar israelita (Operação “Cast Lead”), que Israel justificou como uma forma de impedir que o Hamas e outros grupos armados palestinianos ameaçassem Israel com mísseis.

Mais de 1.380 palestinianos foram mortos nos confrontos, incluindo mais de 300 crianças e outros civis, bem como milhares de feridos. Foram destruídas ou severamente danificadas milhares de habitações, bem como os sistemas de distribuição eléctrica e de água. No ataque, foram também destruídos ou danificados vários edifícios civis, incluindo hospitais e escolas.

A Operação “Cast Lead” empurrou a crise humanitária de Gaza para níveis catastróficos. Desde o fim da operação, o bloqueio tem prevenido quaisquer esforços de reconstrução. Estando Israel a barrar a entrada de materiais de construção o que impede os habitantes de Gaza de reconstruírem as suas vidas despedaçadas.

Violência continuada
Em Novembro de 2009, o Hamas declarou unilateralmente o cessar-fogo, apesar de ter sido já violado por diversas vezes por membros de grupos armados palestinianos.

Desde o cessar-fogo, após o final da Operação “Cast Lead”, em Janeiro de 2009, foi morta uma pessoa no sul de Israel por morteiros e mísseis disparados pelos grupos armados palestinianos.

Entretanto, as forças militares israelitas têm conduzido rusgas frequentes em Gaza e têm continuado a bombardear os túneis junto à fronteira em Rafah, utilizados para operações de contrabando entre Gaza e o Egipto. No ano subsequente à Operação “Cast Lead”, foram mortos 71 palestinianos e foram feridos 130 nos túneis de Gaza devido a derrocadas, acidentes e bombardeamentos aéreos.

Os soldados israelitas têm continuado a disparar contra camponeses, pescadores e outros civis palestinianos quando estes se aproximam do limite das três milhas náuticas que representa o perímetro imposto à costa de Gaza imposto por Israel, causando mortes e ferimentos.

Punição colectiva
As autoridades israelitas têm justificado amplamente o bloqueio, afirmando que este é uma resposta aos ataques de grupos armados palestinianos; à detenção continuada de Gilad Shalit, soldado israelita capturado; como ainda uma forma de pressionar a administração de facto do Hamas.

Mas independentemente da justificação, o bloqueio é efectivamente uma punição colectiva de toda a população de Gaza, a maioria da qual crianças, em vez de afectar a administração do Hamas e de outros grupos armados.

<

Artigos Relacionados