4 Setembro 2019

Treze semanas depois de intensos protestos, a chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou a retirada definitiva do projeto de lei da extradição de fugitivos para a China Continental. Contudo, ainda falta ser aberta uma investigação à atuação da polícia.

“Nada pode mudar o facto de as autoridades de Hong Kong terem optado por reprimir os protestos de uma forma grosseiramente ilegal que prejudicou seriamente a confiança do povo e a legitimidade do governo”

Man-Kei Tam, diretor-executivo da Amnistia Internacional Hong Kong

“Apesar de o anúncio formal da retirada desta lei perigosa ser bem-vindo, nada pode mudar o facto de as autoridades de Hong Kong terem optado por reprimir os protestos de uma forma grosseiramente ilegal que prejudicou seriamente a confiança do povo e a legitimidade do governo”, afirma o diretor-executivo da Amnistia Internacional Hong Kong, Man-Kei Tam.

O responsável defende que é necessária uma “investigação completa e independente sobre o uso desnecessário e excessivo da força pela polícia”. Até lá, Man-Kei Tam reitera que todos os países e regiões devem “suspender a transferência de equipamentos de controlo de multidões para Hong Kong”.

“Os problemas do projeto de extradição eram claros desde o início e o governo de Hong Kong devia de o ter retirado há meses. Em vez disso, optou por enfrentar os protestos com balas de gás lacrimogéneo e borracha”

Man-Kei Tam, diretor-executivo da Amnistia Internacional Hong Kong

A retirada formal do projeto de lei de extradição era uma das principais reivindicações dos manifestantes. Hoje, Carrie Lam anunciou ainda que vai nomear uma comissão de inquérito para apurar as causas que estiveram por detrás dos protestos.

“Os problemas do projeto de extradição eram claros desde o início e o governo de Hong Kong deveria tê-lo retirado há meses. Em vez disso, optou por enfrentar os protestos com balas de gás lacrimogéneo e borracha, aumentando a tensão”, nota Man-Kei Tam, antes de acrescentar que o “pequeno passo na direção certa” não invalida a necessidade de “mostrar ao mundo que as autoridades estão realmente comprometidas com a defesa dos direitos humanos e de enviar uma mensagem clara de que as pessoas em Hong Kong ainda podem usufruir desses direitos, independentemente de suas crenças políticas”.

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