23 Julho 2019

A zona de Wadi al-Hummus, em Sur Baher, na Cisjordânia, foi palco da destruição de, pelo menos, 16 edifícios residenciais, numa “violação flagrante do direito internacional” que faz parte “de um padrão sistemático das autoridades israelitas para desalojar palestinianos nos territórios ocupados, o que equivale a crimes de guerra”.

“A verdade é que, durante décadas, as autoridades israelitas tomaram medidas arbitrárias e desproporcionais para expandir o controlo sobre os territórios palestinianos e expulsar os seus habitantes”

Saleh Higazi, diretor-adjunto para o Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional

“Israel tentou justificar estas demolições com a segurança, alegando que as casas estão muito próximas do muro [da Cisjordânia], mas isso não impede que seja alvo de escrutínio. A verdade é que, durante décadas, as autoridades israelitas tomaram medidas arbitrárias e desproporcionais para expandir o controlo sobre os territórios palestinianos e expulsar os seus habitantes de áreas que consideram estratégicas, forçando ao deslocamento de comunidades inteiras e destruindo, ilegalmente, dezenas de milhares de lares”, afirma o diretor-adjunto para o Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional, Saleh Higazi.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários indica que, nos últimos dez anos, Israel demoliu cerca de 1100 infraestruturas em Jerusalém Oriental, obrigando ao deslocamento de mais de duas mil pessoas. Contudo, o impacto não se fez sentir apenas em quem teve de abandonar os locais, já que mais de seis mil pessoas foram afetadas.

“Em vez de destruir as casas das famílias, deve desmantelar secções do muro e das vedações construídas nos Territórios Palestinianos Ocupados”

Saleh Higazi, diretor-adjunto para o Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional

Já este ano, entre janeiro e meados de julho, foram destruídas 126 infraestruturas. Um total de 203 pessoas foram deslocadas e 1036 afetadas.

“Israel deve terminar, imediatamente, com a política cruel e discriminatória de demolição de lares e deslocamentos forçados. Em vez de destruir as casas das famílias, deve desmantelar secções do muro e das vedações construídas nos Territórios Palestinianos Ocupados, incluindo em zonas de Sur Baher”, nota Saleh Higazi.

A transferência ilegal de civis viola a quarta Convenção de Genebra e constitui um crime de guerra, ao abrigo do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. Por isso, o diretor-adjunto para o Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional lembra que os Estados “têm a responsabilidade de pressionar as autoridades israelitas a cumprir os deveres à luz do direito internacional humanitário e a garantir a proteção da população palestiniana em zonas ocupadas”.

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