11 Abril 2019

O gigante mundial de reservas de alojamento Airbnb não vai remover da lista de propriedades disponíveis os imóveis localizados nos Territórios Palestinianos Ocupados (TPO) por Israel. A decisão é “reprovável e covarde”, defende o perito Mark Dummett, especialista em Empresas e Direitos Humanos da Amnistia Internacional. Além disso, constitui “outro golpe devastador para os direitos humanos dos palestinianos”.

“Esta decisão é uma profunda e vergonhosa renúncia da responsabilidade da Airbnb enquanto empresa que respeita as leis humanitárias internacionais e os direitos humanos”

Mark Dummett

Esta semana, a Airbnb referiu que pretende doar todo o lucro da operação nos TPO a organizações dedicadas ao trabalho humanitário. O mesmo vai ser feito com as propriedades situadas na Abecásia e na Ossétia do Sul.

“A Airbnb está a tentar inocentar-se, ao afirmar que vai doar os lucros a instituições. Só que isso não muda o facto de, ao continuar a levar o turismo a colonatos ilegais, ajudar a impulsionar a sua economia. Desta forma, estão a contribuir, de forma direta, para a manutenção e expansão dos colonatos ilegais – uma violação das convenções de Genebra e um crime de guerra à luz do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional”, nota Mark Dummett.

Em novembro de 2018, no seguimento de investigações da Al Jazeera e da Human Rights Watch, a Airbnb comprometeu-se a remover todas as ofertas em colonatos na Cisjordânia. No entanto, não estendeu o seu compromisso à parte Leste de Jerusalém, que também é território ocupado.

“A Airbnb teve uma clara oportunidade de tomar a decisão certa de defender os direitos humanos e usar a sua influência para estabelecer um precedente na indústria do turismo. Em vez disso, escolheu esconder a cabeça na areia, ignorando evidências flagrantes de que estão a ajudar a alimentar violações que causam um imenso sofrimento aos palestinianos”, aponta Mark Dummett.

“O volte-face da Airbnb demonstra por que razão não podemos apenas confiar nas empresas para tomar as decisões certas e que precisamos que os governos cumpram as suas obrigações, intervindo e aprovando leis que obriguem as empresas a respeitar os direitos humanos”

Mark Dummett

A Amnistia Internacional e outras organizações têm alertado, repetidamente, para o facto de as empresas de turismo que operam nos colonatos da Cisjordânia contribuírem para violações de direitos humanos. Nos últimos 52 anos, o deslocamento de civis israelitas para os TPO tirou milhares de palestinianos das suas casas, destruiu meios de subsistência e privou-os do acesso a recursos essenciais, como água e campos agrícolas.

O anúncio da Airbnb foi feito na semana em que Israel foi às urnas para eleger o próximo governo.

Artigos Relacionados