26 Abril 2019

Cinco semanas depois de o ciclone Idai ter deixado um rasto de morte e destruição, Moçambique volta a ser atingido por uma terrível tempestade. “O país está longe da recuperação. Agora, o povo vive o choque de outra tempestade”, lamenta o secretário-geral da Amnistia Internacional, Kumi Naidoo.

Apesar de o nível de alerta do ciclone Kenneth ter baixado, devido ao enfraquecimento dos ventos, três pessoas morreram na ilha de Comores. “O governo apelou à rápida evacuação, com cerca de 30 mil dos 700 mil afetados a serem deslocados das áreas de alto risco. Mas mantêm-se os perigos para as vidas das pessoas e para outros direitos humanos”, acrescenta Kumi Naidoo, referindo-se à possibilidade de se registarem novas inundações e mais doenças.

“Desastres naturais de alta intensidade tornar-se-ão muito mais prevalentes e sublinham a necessidade de ações urgentes”

Kumi Naidoo, secretário-geral da Amnistia Internacional

Moçambique está a pagar o elevado preço das alterações climáticas. “Estas duas tempestades sem precedentes, que atingiram Moçambique com uma força sobrenatural, são exatamente aquilo a que os cientistas do clima se referiam, dizendo que iria acontecer se continuássemos a aquecer o nosso planeta além dos seus limites. Desastres naturais de alta intensidade tornar-se-ão muito mais prevalentes e sublinham a necessidade de ações urgentes para reduzir as emissões e investir em medidas de adaptação que protejam a vida das pessoas”, nota o secretário-geral da Amnistia Internacional.

Injustiça e urgência

“Há uma injustiça incontestável e urgente que não podemos enfatizar suficientemente: o povo de Moçambique está a pagar o preço da perigosa mudança do clima, quando quase nada fez para causar esta crise”, afirma Kumi Naidoo.

“Se o [ciclone] Kenneth provocar danos fortes, Moçambique não será capaz de recuperar. É inacreditável que o fundo de auxílio pós-Idai continue subfinanciado, com apenas 88 milhões de dólares norte-americanos dos 390 milhões necessários, desde 9 de abril. A Amnistia Internacional está a apelar à comunidade internacional para que dê um passo em frente nesta hora de necessidade de Moçambique”.

“Todos os países em posição de o fazer, e especialmente os que contribuíram significativamente para as emissões globais e aqueles que continuam a fazê-lo, devem enviar mais do que apenas pensamentos e orações”

Kumi Naidoo, secretário-geral da Amnistia Internacional

“Todos os países em posição de o fazer, e especialmente os que contribuíram significativamente para as emissões globais e aqueles que continuam a fazê-lo, devem enviar mais do que apenas pensamentos e orações para Moçambique. Devem dar soluções àqueles cujos direitos estão a ser atacados pelas alterações climáticas e isso inclui o aumento do financiamento para a adaptação climática e os esforços de socorro pós-catástrofe”, conclui Kumi Naidoo.

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