“Rung” arrisca-se a passar toda a sua vida na prisão, simplesmente por se manifestar pacificamente em defesa da liberdade e da democracia na Tailândia.
Panusaya “Rung” Sithijirawattanakul é uma jovem de 22 anos que, entre muitos outros milhares de jovens, apela por igualdade, liberdade de expressão e mudança sistémica na Tailândia.
Quando lhe pedem para se descrever, Rung diz que é “humilde e calada”. É verdade que esta estudante e violinista já foi tímida, mas hoje é uma das principais vozes que lidera o movimento juvenil pela democracia na Tailândia (o movimento acabou por se tornar mundialmente conhecido, sobretudo depois dos participantes terem replicado um gesto que se popularizou com os filmes “Hunger Games”, em que se tornou conhecida a saudação com três dedos de uma mão levantados).
Rung (que significa arco-íris em tailandês) tornou-se politicamente ativa enquanto estudava sociologia e antropologia na universidade da capital, Banguecoque. Ao longo de 2020, tal como milhares de outros jovens, participou ativamente nas manifestações por mudança social e política no país e, em agosto desse ano, tornou-se uma das líderes do movimento. Observada e seguida por milhares, Rung apelava por igualdade, liberdade de expressão e pela reforma da monarquia, um tema altamente sensível na Tailândia. A sua coragem projetou-a para o palco nacional e, em resposta, as autoridades passaram a identificá-la como alguém que causava problemas.
Mas Rung continuou a liderar as manifestações por uma reforma constitucional e social. Acusada de provocar instabilidade, foi detida em março de 2021 ao abrigo da legislação de “lesa-majestade”, que criminaliza todas críticas feitas à monarquia. Esteve presa durante 60 dias, durante os quais foi diagnosticada com COVID-19, e as autoridades negaram-lhe a possibilidade de sair sob fiança seis vezes. Em reação às injustiças que enfrentava, iniciou uma greve de fome que durou 38 dias. Acabou por ser libertada a 30 de abril de 2021.
Atualmente, Rung enfrenta dezenas de acusações e, se considerada culpada, há a possibilidade de passar toda a sua vida atrás das grades.
“Assim que entras na prisão, sentes que a tua humanidade deixou de estar intacta.”
Rung
Rung não cometeu qualquer crime e, por isso, não ficaremos em silêncio até que autoridades na Tailândia retirem todas as acusações contra ela.
Assine este apelo dirigido ao primeiro-ministro da Tailândia. Todas as assinaturas serão entregues pela Amnistia Internacional
Texto da carta a enviar
Caro primeiro-ministro,
Prayuth Chan-ocha
Rung Panasuya é uma promissora jovem universitária que, tal como muitos outros jovens, tem-se manifestado de forma pacifica através do movimento pela democracia na Tailândia. Ela e os seus pares apelam a uma sociedade onde as preocupações públicas são de facto ouvidas e recebem resposta – não silenciadas.
Mas por Rung ter ousado apelar por mudança, publica e pacificamente, enfrenta várias acusações penais e ainda a possibilidade de passar a vida na prisão.
As autoridades tailandesas devem antes encorajar e permitir que as pessoas usufruam e ponham em prática os seus direitos humanos, incluindo o direito à manifestação pacífica.
Apelo a que retire todas as acusações contra Rung.
Atentamente,
Letter content
Dear Prime Minister,
Mr. Prayuth Chan-ocha,
Rung Panasuya is a promising university student who, like many other young people, has been peacefully protesting as part of Thailand’s democracy movement. She and her peers are campaigning for a society where public concerns are heard and acted upon – not silenced.
Because Rung dared to publicly and peacefully call for change, she faces multiple criminal charges against her and the possibility of life in prison.
The Thai authorities need to encourage and enable all people in Thailand to enjoy and exercise their human rights, including peaceful protest.
I urge you to drop all criminal charges against Rung.
Yours sincerely,