3 Junho 2021

As autoridades sudanesas devem acelerar as investigações sobre o assassinato de, pelo menos, 100 manifestantes, que se encontravam no exterior do quartel-general militar nos dias seguintes ao derrube militar do Presidente Omar al-Bashir, referiu hoje a Amnistia Internacional, no segundo aniversário do massacre.

Milhares de manifestantes pacíficos tinham acampado no exterior do quartel-general militar em Cartum, capital do Sudão, exigindo a transição para um governo civil, quando foram atacados com balas reais, chicotes, bastões e gás lacrimogéneo, por uma combinação de forças de segurança: as Forças de Apoio Rápido (RSF), o Serviço Nacional de Informações e Segurança (NISS) e a polícia.

“Pelo menos 100 manifestantes pacíficos foram mortos pelas forças de segurança, cerca de 700 ficaram feridos, e centenas foram presos e detidos”, disse Deprose Muchena, diretor regional da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral.

“Enquanto as vítimas e as suas famílias continuam, corajosamente, a exigir justiça, uma Comissão de Inquérito foi nomeada para investigar a brutal repressão. No entanto, após um ano e sete meses desde a sua criação, não emitiu sequer um relatório preliminar”.

“É uma farsa da justiça que, dois anos após este ataque a manifestantes desarmados, onde não existiu provocação e se perderam dezenas de vidas, não tenha sido publicado qualquer relatório de investigação e ninguém tenha sido responsabilizado pelo massacre.”

Deprose Muchena, diretor regional da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral

Num relatório publicado em março de 2020, a Amnistia Internacional documentou uma lista de violações dos direitos humanos no ataque de 3 de junho, nomeadamente assassinatos, uso excessivo de força, tortura e outros maus-tratos, detenções e prisões arbitrárias, violência sexual e desaparecimentos forçados, cometidos por membros das RSF, da NISS e da polícia.

“É uma farsa da justiça que, dois anos após este ataque a manifestantes desarmados, onde não existiu provocação e se perderam dezenas de vidas, não tenha sido publicado qualquer relatório de investigação e ninguém tenha sido responsabilizado pelo massacre. Em vez disso, aqueles que exigiam justiça enfrentaram novos ataques”, disse Deprose Muchena.

A 11 de maio de 2021, as forças de segurança mataram a tiro pelo menos dois manifestantes e feriram dezenas numa manifestação em Cartum, que exigia justiça para o massacre de há dois anos.

“É preciso fazer justiça e é preciso que se veja, realmente, que se está a fazer justiça para as vítimas do massacre de 3 de junho”. O governo sudanês deve acelerar as investigações e processar aqueles que são, alegadamente, responsáveis, independentemente da sua posição, e mantendo-se de acordo com as normas internacionais de julgamento justo. A impunidade não deve vencer”, referiu Deprose Muchena.

 

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