4 Junho 2020

Uma parede virtual para partilhar mensagens e velas acesas pelas vítimas são algumas das formas que a Amnistia Internacional está a promover para assinalar o 31.º aniversário do massacre da Praça de Tiananmen. As ações são também uma oportunidade de mostrar solidariedade com aqueles que, na China, continuam a exigir justiça.

O ativismo digital chegará igualmente às redes sociais. A Amnistia Internacional convida membros, apoiantes e ativistas a utilizar as hashtags #TiananmenCrackdown e #WeRemember64 para lembrar os terríveis acontecimentos de 4 de junho de 1989. As centenas ou milhares de vítimas eram, maioritariamente, jovens estudantes que pediam reformas políticas no país.

Este ano, as habituais vigílias organizadas nas regiões administrativas especiais chinesas de Hong Kong e Macau foram proibidas. A decisão, tomada pela primeira vez em três décadas, foi justificada com motivos de saúde pública devido à pandemia de COVID-19.

“Em especial no dia 4 de junho, as pessoas de Hong Kong devem poder exercer pacificamente os seus direitos à liberdade de expressão e reunião”

Joshua Rosenzweig, diretor-adjunto para o Sudeste Asiático e a Ásia Oriental da Amnistia Internacional

“A COVID-19 não deve ser usada como uma desculpa para reprimir a liberdade de expressão. As autoridades de Hong Kong devem ajudar a facilitar a organização de uma vigília que lembre Tiananmen, com o devido distanciamento social, em vez de proibi-la completamente. Em especial no dia 4 de junho, as pessoas de Hong Kong devem poder exercer pacificamente os seus direitos à liberdade de expressão e reunião”, nota o diretor-adjunto para o Sudeste Asiático e a Ásia Oriental da Amnistia Internacional, Joshua Rosenzweig.

O responsável lembra que, nas últimas semanas, a polícia de Hong Kong “reprimiu repetidamente protestos pacíficos com prisões arbitrárias em massa e força excessiva – incluindo o uso de gás lacrimogéneo e gás pimenta”. “Ao considerar este importante evento como ‘ilegal’, a polícia voltou a agravar, sem necessidade, as crescentes tensões, quando milhares de pessoas querem acender apenas uma vela por aqueles que perderam a vida durante os terríveis acontecimentos de 4 de junho de 1989”, defende.

Um novo capítulo

Na última segunda-feira, a polícia de Hong Kong anunciou que a vigília de Tiananmen, em Victoria Park, não seria autorizada devido à proibição de ajuntamentos com mais de oito pessoas. Esta medida foi estendida, recentemente, até ao dia 5 de junho. O território registou, nas últimas seis semanas, um total de dez casos de transmissão local da COVID-19.

“Não é claro se a vigília de Tiananmen será novamente permitida em Hong Kong”

Joshua Rosenzweig, diretor-adjunto para o Sudeste Asiático e a Ásia Oriental da Amnistia Internacional

“Com esta proibição e a iminência de uma lei de segurança nacional desastrosa, não é claro se a vigília de Tiananmen será novamente permitida em Hong Kong”, alerta Joshua Rosenzweig.

Após o período de confinamento, Hong Kong voltou a ser palco de protestos, em resposta à polémica proposta de lei que criminaliza o desrespeito pelo hino chinês, aprovada hoje, e também à intenção da China aprovar uma lei da segurança nacional que proibe atos secessionistas e a interferência externa, entre outras medidas, na região administrativa especial chinesa. No dia 27 de maio, a polícia lançou indiscriminadamente gás pimenta para dispersar manifestantes e deteve, de forma arbitrária, mais de 300 pessoas no âmbito de uma operação.

Em Macau, o governo também proibiu a habitual exposição sobre Tiananmen, no Largo do Senado, que acolhe igualmente uma vigília. Tal como em Hong Kong, a polícia proibiu o evento, alegando riscos de saúde pública.

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