8 Janeiro 2020

A Amnistia Internacional denuncia os múltiplos atos de perseguição e as ameaças contra os deputados da oposição da Assembleia Nacional da Venezuela, parte da política de repressão que o governo de Nicolás Maduro mantém contra qualquer forma de dissidência política.

“As autoridades sob o mandato de Nicolás Maduro têm feito tentativas, repetidas e sustentadas, para desmantelar qualquer forma de dissidência política no país, cometendo graves violações de direitos humanos, incluindo o uso de tortura, desaparecimentos forçados e detenções arbitrárias”, afirma a diretora para as Américas da Amnistia Internacional, Erika Guevara-Rosas.

Nos casos do deputado Gilber Caro e de Victor Ugas, detidos por alegados agentes do Estado, no dia 20 de dezembro de 2019, há indícios de que se trataram de desaparecimentos forçados. Ainda que ambos tenham sido levados a um juiz, as autoridades negaram às famílias qualquer informação sobre onde estavam.

A estes casos acrescem as campanhas de estigmatização e ameaças contra membros da oposição, como os ataques contra a deputada Delsa Solórzano. Nos últimos anos, muitos acabaram por fugir do país e procurar asilo.

“A Amnistia Internacional vai continuar alerta diante desta nova crise política em torno da Assembleia Nacional e do risco de prisões arbitrárias ou de outros ataques, que podem incluir deputados e jornalistas, campanhas de estigmatização, restrições à liberdade de movimentos, ameaças de violência física, tortura, detenções arbitrárias e buscas ilegais”, enumera Erika-Guevara Rosas.

A responsável lembra que a missão das Nações Unidas encarregue de investigar os responsáveis pelos crimes “deve estar atenta” à “nova vaga de repressão”. “As autoridades venezuelanas têm de ter em mente que estas violações de direitos humanos podem constituir crimes à luz do direito internacional e que não ficarão impunes”.

Sem fim à vista

Já no ano passado, o relatório Hunger for Justice: Crimes against Humanity in Venezuela da Amnistia Internacional concluía que a lista de abusos do governo de Nicolás Maduro incluía execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, mortes e ferimentos causados ​​pelo uso excessivo de força. Desde 2017, está em marcha uma política de repressão sistemática e abrangente na Venezuela.

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