11 Fevereiro 2022

Para encerrar a 20ª edição da Maratona de Cartas, a Amnistia Internacional – Portugal realizou um evento que colocou à prova o conhecimento sobre direitos humanos e foi ainda marcado por importantes e fortes testemunhos. O evento teve lugar na livraria Ler Devagar – Lx Factory, ao final da tarde desta quinta-feira, 10 de fevereiro.

Em primeiro lugar, foi narrada a história de Bernardo Caal Xol pela sua companheira, Isabel Matzir, que se juntou ao evento através de videochamada. O caso de Bernardo é um dos cinco que integram esta edição da Maratona de Cartas e Isabel conhece cada pormenor da detenção e prisão injusta de Bernardo na Guatemala.

De forma breve, Isabel explicou a missão de Bernardo quanto à proteção da sua comunidade indígena, referiu como têm sido os mais de quatro anos de prisão injusta e relembrou a necessidade de se manter a esperança. Apesar de todas as dificuldades, salientou que Bernardo permanece com força e tem denunciado a sua situação em centenas de cartas, que são posteriormente publicadas nas suas redes sociais. Só em Portugal, para fazer jus ao título de uma das suas músicas preferidas – “El pueblo unido jamás será vencido” – o caso de Bernardo já reuniu mais de 21.000 assinaturas, que expressam a união de 21.000 pessoas que apelam à sua libertação.

Na segunda parte da iniciativa, o diretor executivo da Amnistia Internacional – Portugal, Pedro A. Neto, destacou como cada pessoa pode contribuir para trazer justiça a pessoas em risco, e a defensores de direitos humanos que, pelo seu trabalho, enfrentam tortura, perseguição ou prisão injusta. Além de Bernardo, recordou os outros casos da Maratona – o de Zhang Zhan, Ciham Ali, Janna Jihad e Mikita Zalatarou – , realçando o poder que cada assinatura e carta de solidariedade têm e como, juntas, podem pressionar governos e conduzir a vitórias de direitos humanos.

“Todos nós temos a oportunidade de juntar a nossa voz à Maratona de Cartas. Através de uma assinatura, juntamo-nos a milhares de outras vozes que apelam aos governos dos países onde estas violações de direitos humanos são perpetradas, que terminem com os abusos, relembrando-os que permanecemos atentos, empenhados e sem nos silenciarmos. Quantos mais formos, mais alto nos faremos ouvir”, refere Pedro A. Neto.

“Através de uma assinatura, juntamo-nos a milhares de outras vozes que apelam aos governos dos países onde estas violações de direitos humanos são perpetradas, que terminem com os abusos, relembrando-os que permanecemos atentos, empenhados e sem nos silenciarmos”

Pedro A. Neto

Cartas de solidariedade referentes aos cinco casos da 20ª edição da Maratona

 

O evento encerrou-se com um quiz sobre direitos humanos. Entre questões de escolha múltipla e outras de resposta curta, foram abordadas datas-chave como a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos ou o Dia dos Direitos Humanos, assim como os temas da pena de morte, direito de voto das mulheres e acolhimento de refugiados. Os vencedores foram premiados com uma tote bag com a imagem de Marielle Franco, uma caneta, bloco de notas, pins e autocolantes da Amnistia Internacional. A todos os participantes, foi ainda dada a oportunidade de escreverem cartas de solidariedade a Bernardo, Janna, Zhang Zhan, Ciham e Mikita. A secção portuguesa da Amnistia Internacional, em coordenação com as outras secções e o movimento internacional, está em fase de preparação dos envios das cartas, para que todas alcancem o seu destinatário.

Além de Lisboa, este evento foi ainda replicado pelos grupos de ativismo da Amnistia Internacional em Leiria e nas Caldas da Rainha nos dias 4, 10 e 11 de fevereiro. Muitos outros eventos associados à Maratona de Cartas tiveram lugar por todo o país, nestes três meses da 20ª edição do projeto.

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