- Cinco críticos do Governo de Luanda libertados, após mais de um ano de prisão arbitrária
- Estas cinco pessoas nunca deveriam ter sido presas. As autoridades prenderam-nas apenas por terem exercido o seu direito à liberdade de expressão e de reunião pacífica
- “Governo angolano deve respeitar o direito de todos à liberdade de expressão e de reunião pacífica e acabar com as detenções arbitrárias e a tortura no país” — Sarah Jackson
Em resposta à libertação de cinco críticos do Governo arbitrariamente detidos em Angola, após mais de um ano atrás das grades, a diretora regional adjunta da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral, Sarah Jackson, afirmou que, “finalmente, Neth Nahara, Adolfo Campos, Gildo das Ruas, Tanaice Neutro e Pensador estão livres. Estamos muito contentes por estarem em casa com os seus entes queridos”.
“Apesar de celebrarmos a sua libertação, estas cinco pessoas nunca deveriam ter sido presas. As autoridades prenderam-nas apenas por terem exercido o seu direito à liberdade de expressão e de reunião pacífica. Aguardamos com expectativa que recebam os cuidados médicos que as autoridades lhes negaram deliberadamente na prisão”, sublinhou Sarah Jackson.
“As autoridades prenderam-nas apenas por terem exercido o seu direito à liberdade de expressão e de reunião pacífica.”
Sarah Jackson
“O Governo angolano deve respeitar o direito de todos à liberdade de expressão e de reunião pacífica e acabar com as detenções arbitrárias e a tortura no país. Tem de responsabilizar urgentemente todos os suspeitos de terem violado os direitos destes cinco ativistas”, concluiu.
Contexto
Em 25 de dezembro de 2024, o Presidente de Angola, João Lourenço, anunciou o perdão da influenciadora das redes sociais Ana da Silva Miguel (conhecida como Neth Nahara) e dos ativistas Adolfo Campos, Hermenegildo Victor José (conhecido como Gildo das Ruas), Gilson Moreira (conhecido como Tanaice Neutro) e Abraão Pedro Santos (conhecido como Pensador).
As autoridades libertaram Neth Nahara no dia 1 de janeiro de 2025 e os outros quatro a 6 de janeiro de 2025.
As autoridades prenderam Neth Nahara a 13 de agosto de 2023 na sua casa em Luanda, capital de Angola, depois de ela ter transmitido um vídeo TikTok em direto a criticar o Presidente Lourenço. A polícia deteve os outros quatro ativistas a 16 de setembro de 2023, em Luanda, antes de um protesto planeado em solidariedade com os mototaxistas.
As autoridades negaram deliberadamente cuidados de saúde durante a detenção a alguns dos cinco, incluindo cirurgias urgentes e medicação diária para o VIH.
A Amnistia Internacional fez uma extensa campanha pela libertação dos cinco com petições, declarações públicas, eventos e muito mais, e apoiou-os através das suas famílias e representantes legais durante a sua detenção. Neth Nahara foi apresentada na campanha “Maratona de Cartas” de 2024, a maior campanha de direitos humanos da Amnistia Internacional.
Em Portugal, a petição desta campanha, a pedir a libertação de Neth Nahara, já tinha recolhido 8 413 assinaturas, à data da sua saída da prisão.