25 Setembro 2019

A Amnistia Internacional escreveu a cerca de 3150 escolas portuguesas a apelar que autorizem os alunos a participar na Greve Climática Global desta sexta-feira, dia 27 de setembro. A mensagem seguiu para estabelecimentos de todos os níveis de ensino, públicos e privados, incluindo conservatórios e escolas profissionais.

Na carta, assinada pelo secretário-geral da organização, Kumi Naidoo, lê-se: “O direito a um planeta habitável é como o Artigo Zero dos direitos humanos. É um direito inato que, infelizmente, as gerações mais novas foram obrigadas a reivindicar”.

“A ação pelo clima deve ser encarada não só como um direito, mas também como um dever, sem olhar a idades, condição socioeconómica ou localização geográfica”

Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal

Para o diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal, Pedro A. Neto, “o envolvimento das gerações mais novas é exemplar e tem de trazer e incentivar todas as outras pessoas, de todas as outras gerações, pois o tema vai condicionar as nossas vidas num futuro que se julgava distante, mas que já é presente”.

“O fracasso da maioria dos governos em agir diante de conclusões científicas inquestionáveis é, sem dúvida, uma violação de direitos humanos. Por isso, a ação pelo clima deve ser encarada não só como um direito, mas também como um dever, sem olhar a idades, condição socioeconómica ou localização geográfica porque está em causa o planeta que habitamos e que, até agora, não soubemos cuidar”, alerta Pedro A. Neto.

“As escolas, os pais e todas as comunidades educativas devem participar e tomar parte desta ação que é, hoje, a maior aula do mundo para a humanidade”

Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal

“Portanto, a Amnistia Internacional entende que a participação de crianças e jovens nesta iniciativa de mobilização cívica pelo combate às alterações climáticas não deve ser limitada, bem pelo contrário. As escolas, os pais e todas as comunidades educativas devem participar e tomar parte desta ação que é, hoje, a maior aula do mundo para a humanidade. Além disso, a participação na Greve Climática Global enquadra-se no exercício do direito de liberdade de expressão e reunião, um direito fundamental que a todos assiste”, explica.

Parte ativa da Semana de Ação pelo Clima, a Amnistia Internacional Portugal junta-se à Greve Climática Global da próxima sexta-feira. Em Lisboa, a concentração está marcada para as 14h30, no Cais do Sodré, sob o mote #HumanidadePeloPlaneta.  

“À angústia que levou os jovens para a rua, os Estados e as empresas têm de agir pela esperança, sem mais demoras”

Pedro A. Neto, diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal

“Vamos mostrar que a união faz a força, convocando todas as pessoas por um bem comum: a humanidade e o planeta. Estamos a falar da nossa sobrevivência e os jovens já perceberam qual é o desafio e estão a exigir de todos nós soluções, ação e determinação. Em Nova Iorque, voltámos a ouvir discursos de chefes de Estado ou de governo cheios de intenções, mas a verdade é que nenhum resultado prático, concreto ou vinculativo saiu da Cimeira de Ação pelo Clima. É preciso reforçar a ação e antecipar a aplicação de medidas, antes de 2030. Só assim poderemos atingir a meta da neutralidade carbónica, que efetiva a muito necessária transição energética. À angústia que levou os jovens para a rua, os Estados e as empresas têm de agir pela esperança, sem mais demoras”, defende Pedro A. Neto.

Ao longo da última semana, a Amnistia Internacional Portugal tem participado em diversas atividades, como o CineClima. Trata-se do primeiro ciclo de cinema do país dedicado às alterações climáticas, promovido pela “2degrees artivism”, em dez cidades portuguesas. O programa inclui, de 20 a 27 de setembro, 50 sessões de filmes e debates, com entrada livre.

A Amnistia Internacional Portugal também entregou o prémio Embaixador de Consciência 2019 à Greve Climática Estudantil, que representa o movimento Fridays For Future de Greta Thunberg, em Portugal. A cerimónia teve lugar na sede da organização, em Lisboa, no dia 16 de setembro.

Nova era no ativismo

Para criar uma nova era no ativismo climático que busca soluções baseadas nos direitos humanos, a Amnistia Internacional coorganizou a People’s Summit on Climate, Rights and Human Survival, nos dias 18 e 19 de setembro, em Nova Iorque. O evento resultou da cooperação entre sociedade civil e o escritório da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No total, estiveram presentes mais de 200 representantes de organizações não-governamentais e comunidades indígenas, académicos, trabalhadores, jornalistas, entre outros.

À Amnistia Internacional e ao escritório da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos juntaram-se ainda a Greenpeace Internacional, o Center for International Environmental Law, o Wallace Global Fund e o Center for Human Rights and Global Justice da Universidade de Nova Iorque. A conferência antecedeu a Cimeira do Clima das Nações Unidas.

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