Dorgelesse Nguessan, uma das pessoas em destaque na edição 2022/2023 da Maratona de Cartas, foi finalmente libertada após ter estado mais de quatro anos detida.
Em resposta à libertação de Dorgelesse Nguessan, uma mãe solteira e cabeleireira arbitrariamente detida em 2020 por participar num protesto pacífico, Marceau Sivieude, diretor regional interino da Amnistia Internacional para a África Ocidental e Central, saudou a notícia. “Dorgelesse Nguessan está finalmente livre. Pode agora juntar-se aos seus entes queridos, após mais de quatro anos de detenção arbitrária apenas por ter exercido pacificamente os seus direitos humanos. Embora este seja um dia para celebrar, Dorgelesse Nguessan nunca deveria ter sido detida”, afirmou.

“Dos manifestantes detidos em 2020, 38 continuam em detenção arbitrária. As autoridades camaronesas têm de os libertar imediatamente. Esta farsa da justiça tem de acabar. As autoridades devem defender e garantir os direitos humanos de todos no país, incluindo os direitos à liberdade de expressão, reunião pacífica e associação”, afirmou Marceau Sivieude.
Contexto
Em setembro de 2020, mais de 500 pessoas, incluindo Dorgelesse Nguessan, foram detidas por participarem em protestos organizados pelo partido da oposição “Movimento para o Renascimento dos Camarões” (MRC) em várias cidades do país.
Dorgelesse Nguessan, atualmente com 39 anos de idade, nunca tinha sido politicamente ativa, mas juntou-se a um protesto em Douala, por ter ficado preocupada com a economia dos Camarões. Foi acusada de “insurreição” e “manifestações públicas”, entre outras acusações, antes de ser condenada a cinco anos de prisão por um tribunal militar em 7 de dezembro de 2021. O Tribunal de Recurso reduziu a sua pena em 16 de janeiro de 2025, após vários recursos.
A Amnistia Internacional denunciou o carácter arbitrário da sua detenção e apelou à sua libertação imediata e incondicional numa campanha iniciada em janeiro de 2022. Dorgelesse foi também um dos casos apresentados na campanha “Maratona de Cartas” de 2022/2023 da Amnistia Internacional. Milhares de apoiantes da Amnistia Internacional escreveram cartas a pedir a libertação de Dorgelesse. Em Portugal, mais de 26 600 pessoas assinaram a petição a pedir a libertação de Dorgelesse.