22 Junho 2017

Com os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) reunidos no Conselho Europeu desta semana, a 22 e 23 de junho, a Amnistia Internacional reitera aos líderes europeus que é necessário intensificar os esforços para salvar vidas no mar Mediterrâneo e suspender a cooperação nos retornos forçados de refugiados, requerentes de asilo e migrantes para a Líbia, antes que mais pessoas se afoguem com o esperado aumento nas tentativas de travessia nos meses estivais.

“A UE está a permitir que a guarda-costeira líbia faça regressar refugiados e migrantes a um país onde as detenções arbitrárias, tortura e violações são frequentes. [Os líderes europeus] estão a aumentar a capacidade da guarda-costeira líbia ao mesmo tempo que viram as costas aos inerentes e graves riscos que resultam dessa cooperação”, frisa a diretora do Gabinete de Instituições Europeias da Amnistia Internacional, Iverna McGowan.

A perita da organização de direitos humanos reforça, assim, o imperativo de “os líderes da UE porem fim, urgentemente, à externalização dos controlos de fronteira e do processamento de asilo a governos estrangeiros – incluindo alguns com um historial chocante de direitos humanos”. “Encorajar estes governos a intensificarem o controlo das fronteiras traz o risco de expor cada vez mais pessoas a abusos. Em vez disso, os líderes europeus têm de dar prioridade ao salvamento de vidas, providenciando rotas seguras e legais a quem está em fuga e melhorando de forma profunda as leis e as medidas de proteção de direitos humanos”, avalia ainda.

Forçados a voltar a tortura e exploração

As operações de interceção feitas pela guarda-costeira da Líbia têm frequentemente ignorado os padrões internacionais, incluindo o que respeita ao uso de munições reais de armas. Refugiados e migrantes intercetados pelas autoridades líbias são forçados a voltar a território da Líbia e daí, com muito poucas exceções, são transferidos para centros de detenção onde permanecem por tempo indefinido e são submetidos a tortura, a espancamentos, a violações e exploração por guardas dos campos.

Perante este cenário de abusos e violações consistentes de direitos humanos, a Amnistia Internacional exorta os líderes da UE a:

  • abrirem e expandirem as rotas seguras e legais para refugiados e migrantes,
  • intensificarem as capacidades de busca e salvamento na zona central do mar Mediterrâneo, em áreas onde ocorre a maior parte dos naufrágios e de forma proporcional ao número de partidas que têm origem no Norte de África,
  • porem fim a todas as formas de cooperação com as autoridades líbias que levam a que migrantes e refugiados sejam forçados a regressar a detenções por tempo indefinido, a tortura, violações e outros abusos na Líbia e que, em vez disso, centrem os esforços em melhorar a situação de direitos humanos no país,
  • reverem a abordagem geral à cooperação com países terceiros em matéria de migrações, para garantir que os direitos humanos de refugiados e de migrantes são adequadamente protegidos.
  • 80 milhões

    80 milhões

    Em 2020, existiam mais de 80 milhões de pessoas que foram forçadas a sair do seu local de origem devido a perseguição, violência, conflito armado ou outras violações de direitos humanos.
  • 26 milhões

    26 milhões

    No final de 2020 estimava-se a existência de 26 milhões de refugiados no mundo.
  • 45 milhões

    45 milhões

    Mais de 45 milhões de pessoas foram forçadas a deixar as suas casas permanecendo dentro do seu próprio país (deslocados internos).
  • 4 milhões

    4 milhões

    Estima-se que existam mais de 4 milhões de pessoas em todo o mundo consideradas "apátridas" – nenhum país as reconhece como nacional.

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