21 Novembro 2025

 

  • Líderes mundiais devem priorizar uma liderança global baseada em princípios para garantir a concretização dos direitos humanos
  • “Este não é o momento de renegar as obrigações internacionais em matéria de direitos humanos e outros compromissos internacionais, colocando as pessoas em risco ainda maior. A humanidade deve vir em primeiro lugar” – Shenilla Mohamed
  • A Amnistia Internacional apela ao aumento massivo do financiamento climático baseado nas necessidades dos países de rendimentos mais baixos. Os membros do G20 devem oferecer um alívio significativo da dívida, incluindo o cancelamento, quando apropriado, a todos os países em situação ou em risco de endividamento

 

 

Com múltiplas crises a ficarem fora de controlo em todo o mundo, aumentando a desigualdade global entre e entre os países, os líderes mundiais devem priorizar uma liderança global baseada em princípios para garantir a concretização dos direitos humanos, afirmou a Amnistia Internacional – África do Sul antes da reunião do G20, que tem lugar naquele país africano.

Nos últimos anos, o mundo testemunhou o genocídio, transmitido ao vivo, cometido por Israel contra os palestinianos na Faixa de Gaza e uma guerra civil que continua fora de controlo no Sudão. Internamente, a África do Sul continua a enfrentar múltiplas crises, incluindo as alterações climáticas e a violência de género.

“Desde a adoção de práticas cada vez mais autoritárias até às guerras que devastam a vida de inúmeros civis, um número alarmante de líderes mundiais está a arrastar a humanidade por um caminho extremamente perigoso. É hora de os Estados do G20 darem um passo em frente e fazerem o que está certo. Este não é o momento de renegar as obrigações internacionais em matéria de direitos humanos e outros compromissos internacionais, colocando as pessoas em risco ainda maior. A humanidade deve vir em primeiro lugar”, afirmou Shenilla Mohamed, diretora executiva da Amnistia Internacional África do Sul.

“Desde a adoção de práticas cada vez mais autoritárias até às guerras que devastam a vida de inúmeros civis, um número alarmante de líderes mundiais está a arrastar a humanidade por um caminho extremamente perigoso.”

Shenilla Mohamed

Ao mesmo tempo, o presidente Cyril Ramaphosa e o governo que lidera devem demonstrar o mesmo nível de compromisso ao abordar os desafios dos direitos humanos no país.

 

Redução do risco de desastres

“A África do Sul ocupa a presidência do G20 em 2025 e, como presidente, estabeleceu a agenda e as prioridades gerais para as discussões deste ano — incluindo um apelo à comunidade global para fortalecer a resiliência e a resposta a desastres. No entanto, na África do Sul, a resposta a desastres em áreas urbanizadas informais continua irregular e aleatória”, disse Shenilla Mohamed.

“Constatamos, no nosso relatório, Flooded and Forgotten (Inundados e esquecidos), que o governo está a colocar em risco o bem-estar e, em muitos casos, a vida de mais de cinco milhões de pessoas que vivem em áreas urbanizadas informais na África do Sul, ao não lhes fornecer acesso a habitação de qualidade e serviços essenciais. Essas pessoas, muitas das quais vivem em terras propensas a inundações, são rotineiramente deixadas à sua sorte, especialmente durante condições climáticas severas, apesar do facto de que a principal responsabilidade pela preparação e resposta a esses desastres é do governo”.

“Constatamos, no nosso relatório, Flooded and Forgotten (Inundados e esquecidos), que o governo está a colocar em risco o bem-estar e, em muitos casos, a vida de mais de cinco milhões de pessoas que vivem em áreas urbanizadas informais na África do Sul, ao não lhes fornecer acesso a habitação de qualidade e serviços essenciais.”

Shenilla Mohamed

As alterações climáticas induzidas pelo homem exacerbaram os riscos de inundações, que já eram um problema sazonal nas áreas urbanizadas informais e zonas carenciadas da África do Sul. Como noutras partes do mundo, isso significa que as pessoas que menos contribuíram para as alterações climáticas devido aos seus baixos padrões de consumo e que são menos capazes de lidar com as inundações são as mais afetadas pelos seus impactos.

A Amnistia Internacional – África do Sul apela ao governo para que mobilize todos os recursos humanos, financeiros e técnicos necessários para garantir que a redução do risco de catástrofes seja totalmente integrada nos processos de planeamento urbano e implementada com vista a proteger os residentes de áreas urbanizadas informais de catástrofes — induzidas pelo clima ou outras — e os seus direitos humanos.

 

Combater a crise climática existencial

Um dos principais fatores por trás de muitas das crescentes crises globais são as alterações climáticas induzidas pelo homem, que estão a levar a uma maior desigualdade económica dentro e entre os países. Os impactos devastadores da crise climática sobre os direitos humanos estão a aumentar e irão escalar dramaticamente se o aquecimento global não for controlado.

As pesquisas da Amnistia Internacional em países como África do Sul, Madagáscar, Tuvalu, Somália e Espanha mostram os danos que as alterações climáticas estão a causar. Ao mesmo tempo, a extração de combustíveis fósseis está a prejudicar os direitos das pessoas que vivem nas proximidades, como documentámos no Brasil, Canadá, Senegal e noutros países. A ciência é clara: precisamos urgentemente de eliminar, de forma equitativa, os combustíveis fósseis para ter uma hipótese de manter a meta de 1,5° C a longo prazo e evitar os piores danos aos direitos humanos.

As pesquisas da Amnistia Internacional em países como África do Sul, Madagáscar, Tuvalu, Somália e Espanha mostram os danos que as alterações climáticas estão a causar. Ao mesmo tempo, a extração de combustíveis fósseis está a prejudicar os direitos das pessoas que vivem nas proximidades, como documentámos no Brasil, Canadá, Senegal e noutros países.

“No G20 deste ano, bem como na COP30, precisamos que os líderes mundiais estabeleçam prazos claros para uma eliminação completa, rápida, justa e financiada dos combustíveis fósseis e uma transição justa para energia renovável, produzida de forma sustentável para todos. É necessário implementar a devida diligência obrigatória em matéria de direitos humanos e ambientais em todas as cadeias de valor dos minerais de transição, a fim de garantir que a transição energética não ocorra à custa dos direitos humanos”, afirmou Shenilla Mohamed.

A Amnistia Internacional apela também ao aumento massivo do financiamento climático baseado nas necessidades dos países de rendimentos mais baixos, enquanto os membros do G20 devem oferecer um alívio significativo da dívida, incluindo o cancelamento, quando apropriado, a todos os países em situação ou em risco de endividamento. Os defensores dos direitos humanos ambientais também devem ser protegidos.

 

Violência baseada no género

As prioridades da África do Sul no G20 para o avanço das mulheres incluem o combate à violência baseada no género e ao feminicídio, outro desafio importante que a África do Sul enfrenta.

O presidente Cyril Ramaphosa chamou a violência baseada no género de segunda pandemia da África do Sul, mas o sistema de justiça criminal continua a falhar a muitas vítimas e sobreviventes.

“É preciso que haja consequências para aqueles que perpetuam a violência. É aqui que o sistema de justiça criminal falha com as vítimas de violência de género. É por causa deste sistema falho e, mais importante ainda, do trabalho de investigação de má qualidade e da falta de implementação da legislação, que há pouca dissuasão para os agressores”, defendeu Shenilla Mohamed.

“É preciso que haja consequências para aqueles que perpetuam a violência. É aqui que o sistema de justiça criminal falha com as vítimas de violência de género. É por causa deste sistema falho e, mais importante ainda, do trabalho de investigação de má qualidade e da falta de implementação da legislação, que há pouca dissuasão para os agressores.”

Shenilla Mohamed

“É preciso que haja responsabilização por parte das instituições estatais que falharam com as sobreviventes e com aqueles que morreram devido à violência”, acrescentou.

A situação da violência de género na África do Sul é tão grave que as mulheres têm saído constantemente às ruas para exigir que o Estado leve a sério a sua segurança, sendo a mais recente manifestação a paralisação da Women for Change, a 21 de novembro. A Amnistia Internacional África do Sul solidariza-se com a Women for Change e com todas as pessoas que participam na paralisação das mulheres do G20.

 

Perguntas Relacionadas

Qual é a principal exigência da Amnistia Internacional aos líderes do G20 em relação aos direitos humanos?

A Amnistia Internacional exige que os líderes do G20 adotem uma liderança global baseada em princípios, priorizando o cumprimento das obrigações internacionais em matéria de direitos humanos. Segundo a organização, não é aceitável ignorar estes compromissos, especialmente em contextos de crise, pois isso coloca em risco populações já vulneráveis. A humanidade deve ser a prioridade absoluta, como sublinhado por Shenilla Mohamed, diretora executiva da Amnistia Internacional África do Sul.

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Por que razão a Amnistia Internacional critica a resposta da África do Sul aos desastres em áreas urbanas informais?

A organização denuncia que o governo sul-africano falha na proteção de mais de cinco milhões de pessoas que vivem em zonas urbanas informais, muitas delas em áreas propensas a inundações. Segundo o relatório "Flooded and Forgotten" (Inundados e Esquecidos), estas comunidades não têm acesso a habitação digna nem a serviços essenciais, sendo abandonadas durante eventos climáticos extremos. A Amnistia Internacional exige que o Estado integre a redução do risco de catástrofes no planeamento urbano e garanta recursos para proteger os direitos humanos destes residentes.

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Que medidas concretas propõe a Amnistia Internacional para combater a crise climática no âmbito do G20?

A organização pede três ações urgentes:
1. Eliminação acelerada e justa dos combustíveis fósseis, com prazos claros e financiamento para uma transição equitativa para energias renováveis.
2. Aumento massivo do financiamento climático direcionado aos países de baixos rendimentos, baseado nas suas necessidades reais.
3. Alívio ou cancelamento da dívida para nações endividadas ou em risco de endividamento, permitindo-lhes investir em adaptação climática e direitos humanos.
Além disso, exige a proteção dos defensores ambientais e a implementação de devida diligência obrigatória em direitos humanos e ambientais nas cadeias de valor dos minerais de transição energética.

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Como é que as alterações climáticas afetam desproporcionalmente as populações mais pobres, segundo a Amnistia Internacional?

A organização destaca que as comunidades com menores recursos — que menos contribuíram para as alterações climáticas devido aos seus baixos padrões de consumo — são as mais afetadas pelos seus impactos. Por exemplo, na África do Sul, milhões de pessoas em áreas informais enfrentam inundações sazonais agravadas pelas alterações climáticas, sem acesso a habitação segura ou serviços básicos. Este padrão repete-se globalmente, como documentado em países como Madagáscar, Tuvalu ou Somália, onde os direitos humanos são violados devido a fenómenos climáticos extremos.

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Que críticas são feitas ao sistema de justiça sul-africano no combate à violência baseada no género?

A Amnistia Internacional aponta três falhas graves:
1. Falta de consequências para os agressores, devido a investigações de má qualidade e impunidade.
2. Incapacidade de dissuadir novos crimes, por não implementar adequadamente a legislação existente.
3. Falta de responsabilização das instituições estatais que falham com as vítimas e sobreviventes.
Shenilla Mohamed sublinha que o sistema de justiça criminal "falha com as vítimas de violência de género", o que perpetua um ciclo de violência. A situação é tão crítica que as mulheres sul-africanas têm protestado massivamente, como na paralisação Women for Change, a 21 de novembro.

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Qual é o papel da África do Sul como presidente do G20 em 2025, segundo a Amnistia Internacional?

A organização espera que a África do Sul, na sua presidência do G20 em 2025, lidere com coerência entre as prioridades globais e os desafios internos. Embora o país tenha colocado na agenda do G20 o fortalecimento da resiliência a desastres, a Amnistia Internacional critica a falta de ação concreta no território nacional, especialmente na proteção de comunidades vulneráveis a inundações. Shenilla Mohamed exige que o governo sul-africano demonstre o mesmo compromisso com os direitos humanos internamente que propõe globalmente, integrando medidas de redução de riscos no planeamento urbano e garantindo recursos para as populações mais afetadas.

⚠️ Este painel de questões relacionadas foi criado com IA mas revisto por um humano.

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