12 Abril 2012

O ‘Dia do Sol’ na Coreia do Norte – nome oficial dado ao centenário do nascimento do fundador Kim Il-sung – é uma oportunidade para destacar o historial terrível do país no que diz respeito aos direitos humanos, afirma a Amnistia Internacional.

De acordo com o governo da Coreia do Norte, o centenário do nascimento, a 15 de abril, marca o dia em que o país se irá tornar numa “nação forte e próspera”.

Quase um milhão de norte coreanos morreram à fome desde os anos 1990, enquanto outros milhões continuam a sofrer efeitos na saúde, resultado de uma crise alimentar permanente.

Hoje em dia, centenas de milhares de pessoas, consideradas opositoras do regime, estão detidas em campos de detenção brutais, tal como o conhecido campo para presos políticos em Yodok. A liberdade de expressão não existe no país.

“As autoridades falam de força e prosperidade mas na realidade esta é uma utopia para os cidadãos da Coreia do Norte”, defende Rajiv Narayan, investigador para a Coreia do Norte da Amnistia Internacional.

“Para alcançar uma “nação forte e próspera” o novo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, teria de contrariar a repressão que tem sido característica do país há décadas. Ele teria também de ter como prioridade a tomada de medidas efetivas para garantir comida e cuidados básicos de saúde a toda a população.

“Centenas de milhares de pessoas enfrentam as condições mais desumanas nos campos de detenção. Há locais fora do alcance do resto do mundo, onde quase a totalidade das normas de proteção dos direitos humanos é ignorada”.

O campo para presos políticos em Yodok, localidade onde vivem cerca de 50 mil homens, mulheres e crianças, é um dos 6 campos para presos políticos conhecidos na Coreia do Norte, onde se estima que 200 mil presos políticos e as suas famílias estejam na prisão sem terem tido direito a julgamento ou na sequência de julgamentos extremamente injustos.

Testemunhos de antigos guardas e reclusos de Yodok revelaram que os presos são frequentemente sujeitos a tortura, trabalhos forçados e execuções.

Os membros da família dos suspeitos de crimes são também enviados para Yodok – um sistema de “culpa por associação” usado para calar os dissidentes e para controlar a população através do medo.

Em janeiro de 2012, relatos fizeram saber que pelo menos 31 norte-coreanos, que tinham sido detidos na China, foram forçados a regressar à Coreia do Norte. Estas pessoas podem ter sido enviadas para campos para presos políticos onde correm o risco de serem sujeitas a tortura, a trabalhos forçados e a execuções.

As autoridades da Coreia do Norte recusam-se a reconhecer a existência destes campos para presos políticos.

Os ativistas da Amnistia Internacional em todo o mundo têm assinado petições e enviado apelos às autoridades da Coreia do Norte, instando-as a encerrar Yodok e outros campos para presos políticos.

“As autoridades da Coreia do Norte devem reconhecer que estes campos existem – devem fechar o campo para presos políticos em Yodok e parar os abusos sistemáticos, chocantes dos direitos humanos,” acrescenta Narayan.

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