Perante as notícias de que a polícia da cidade de Nampula, em Moçambique, disparou e deteve apoiantes do candidato presidencial da oposição, Venâncio Mondlane, num comício após as disputadas eleições nacionais, a diretora regional adjunta da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral, Khanyo Farisè, afirmou que, “independentemente de quem ganhe as eleições, a polícia moçambicana deve respeitar o direito das pessoas à reunião pacífica”. E acrescentou: “Disparar balas reais numa manifestação política pacífica e deter arbitrariamente apoiantes da oposição é uma violação grosseira do direito moçambicano e internacional dos direitos humanos”.
“Se as pessoas de qualquer opinião política continuarem a realizar manifestações pacíficas durante e após a contagem dos votos, a polícia deve cumprir a sua obrigação de garantir a segurança de todos os presentes”, concluiu Khanyo Farisè.
“Disparar balas reais numa manifestação política pacífica e deter arbitrariamente apoiantes da oposição é uma violação grosseira do direito moçambicano e internacional dos direitos humanos”
Khanyo Farisè
Contexto
No dia 16 de outubro, a polícia disparou contra os apoiantes de Mondlane, ferindo pelo menos uma pessoa, durante uma manifestação pública de boas-vindas ao candidato à sua chegada à cidade de Nampula, um bastião da oposição. Durante o comício, a polícia também prendeu David Calisto Bandeira, um músico e destacado apoiante do partido da oposição PODEMOS. A polícia acusou Bandeira de incitar à violência pelas suas canções a favor do PODEMOS.
Os apoiantes de Mondlane e do PODEMOS têm vindo a protestar desde 12 de outubro, quando os resultados parciais mostraram o candidato do partido no poder, a Frelimo, Daniel Chapo, na liderança na província de Nampula e noutros locais.
No dia 10 de outubro, um dia após as eleições, a polícia também disparou e feriu duas outras pessoas em assembleias de voto na localidade de Baundua, no distrito do Buzi, na província de Sofala, e no bairro George Dimitrov, na capital, Maputo.
Mondlane convocou uma greve nacional para o dia 21 de outubro, devido a alegações de irregularidades durante a campanha eleitoral, a votação e a contagem dos votos.