8 Abril 2020

Atualização [28 de abril de 2020]

A Amnistia Internacional tomou conhecimento de que, a 27 de abril, Wang Quanzhang conseguiu finalmente regressar a casa e juntar-se à sua família, em Pequim.

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Wang Quanzhang, um advogado de direitos humanos da China, foi finalmente libertado, após ter cumprido quatro anos e meio de prisão por “incitar à subversão do poder do Estado”. Condenado em agosto de 2015, a pena seguiu-se a um julgamento com motivações políticas e à brutal repressão que as autoridades chinesas exercem sobre todos os defensores de direitos humanos no país.

Apesar da boa notícia, Wang Quanzhang continua sem poder reunir-se com a família, uma vez que está impossibilitado de regressar a Pequim, onde esta se encontra. A ordem que recebeu exige que permaneça em Ji’nan, onde muito provavelmente será mantido sob vigilância constante e impedido de viajar livremente.

A família foi informada que Wang ficaria a 400km de casa a cumprir um período de quarentena devido ao surto de COVID-19 registado na prisão em que se encontrava. Até ao momento, não tem qualquer outro detalhe sobre o seu estado de saúde.

 

Preso por defender os direitos humanos

Antes de ter sido detido, Wang Quanzhang trabalhava para defender a liberdade religiosa. Além disso, representava membros do Movimento dos Novos Cidadãos, uma rede de ativistas que promovia a transparência governativa e expunha casos de corrupção – assuntos considerados como sensíveis pelas autoridades chinesas. Por representar estes casos, este advogado foi frequentemente alvo de intimidação antes da sua detenção.

Apesar de já estar em liberdade, o futuro é incerto. Muitos dos ativistas e advogados vítimas da repressão de 2015 foram sujeitos a medidas de vigilância e privados da liberdade de movimento. O mesmo poderá acontecer a Wang Quanzhang.

“Apesar de marcarmos o fim do encarceramento de Wang Quanzhang, a campanha politicamente motivada contra ele entrará, provavelmente, numa nova fase. Ainda que esteja em liberdade, será vigiado e impossibilitado de regressar a casa, onde a mulher e o filho aguardam por ele há quatro anos e meio. Foi considerado um alvo pelo seu trabalho de defesa dos direitos humanos e por ajudar a expor a corrupção na China. É vergonhoso que tenha sequer sido preso e, agora que cumpriu a sua pena, as autoridades devem retirar todas as restrições impostas à sua liberdade e permitir que regresse a casa, para junto da sua família”

Doriane Lau, investigadora para a China da Amnistia Internacional

 

Obrigada pela vossa ação!

O caso de Wang Quanzhang foi acompanhado pela Amnistia Internacional Portugal, que enviou mais de 200 assinaturas a apelar à sua libertação.

 

 

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